sábado, 18 de maio de 2013

Quando o Amor e a Lealdade Falam Mais Alto...

O que São Marcos e Gianluigi Buffon têm em comum? Os dois são goleiros (ex-goleiro, no caso do aposentado Marcos), capitanearam seus times, foram campeões em seus clubes, os dois conquistaram Copas do Mundo por suas seleções como arqueiros titulares, são carismáticos e respeitados em seus respectivos países mesmo pelas torcidas adversárias.

Uma grande coincidência, porém, marcou a carreira dos dois arqueiros: no ano em que cada um deles conquistou a Copa do Mundo, eles também sentiram o gosto amargo de serem rebaixados em seus respectivos clubes.

Marcos Roberto Silveira Reis foi o goleiro titular da Seleção Brasileira na conquista do penta em 2002. São Marcos, como é carinhosamente chamado, havia trabalhado com o técnico Luiz Felipe Scolari no Palmeiras e havia sido campeão na Libertadores de 1999 com o treinador gaúcho. Isso, somado ao fato de ser um grande goleiro, foi o argumento para que Felipão levasse o arqueiro palmeirense para a Copa no Japão e na Coréia do Sul. Se São Marcos estava em alta naquele momento, o Palmeiras encontrava-se em uma grande crise (que, aliás, dura até hoje) com o time alviverde fazendo uma campanha pífia no Brasileirão daquele ano. O rebaixamento foi inevitável e, praticamente, todo o elenco foi dispensado ao final daquele ano. Marcos tinha proposta para sair -ele mesmo conta em sua autobiografia que recebera uma proposta do Arsenal pelo fato de estar valorizado pela conquista do penta com a Canarinho. São Marcos recusou a proposta e ficou no Verdão para jogar a Série B e ajudar o seu clube a voltar para o lugar de onde nunca deveria ter saído. Marcão cumpriu sua promessa e ficou no Palestra até o final da sua carreira, quando foi vencido pelas constantes lesões.

Gianluigi Buffon é goleiro da Juventus desde 2001. O italiano estava em alta em 2006 com a conquista do Scudetto e do tetracampeonato da Seleção Italiana. O mundo de Buffon, no entanto, veio abaixo após a Copa do Mundo quando foi descoberto um esquema de manipulação de resultados envolvendo a Juve. A Vecchia Signora teve os títulos de 2004-05 e 2005-06 revogados e ainda foi rebaixada a Serie B. Muitos atletas deixaram a Juventus, mas Buffon optou por permanecer e ajudar os Bianconeri a voltarem a primeira divisão, ainda que o arqueiro estivesse valorizado pela conquista do tetra. E lá permanece até hoje, capitaneando o clube de Turim e vendo a reconstrução da Juventus se consolidar com a conquista de mais um titulo no Campeonato Italiano.

As histórias de Marcos e Buffon são exceções no mundo da bola. Como expliquei em outro post, a carreira  de um jogador é efêmera e ele precisa se garantir financeiramente enquanto o corpo permite. Os dois goleiros, no entanto, ignoraram qualquer vantagem financeira e permitiram que o amor e a lealdade para com seus respectivos clubes falasse mais alto.

Não é uma maneira errada pensar no dinheiro, mas, sem dúvida, Marcos e Buffon viram suas carreiras engrandecerem ainda mais ao enfrentar o drama do rebaixamento e mostrar que muitas vezes é melhor permitir que o coração fale mais alto que a consciência.

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