sexta-feira, 26 de fevereiro de 2016

Negócio da China

Imagem extraída do Facebook oficial do Santos- www.facebook.com/santosfc



A semana do Peixe foi agitada por uma proposta feita ao atacante Ricardo Oliveira. O atacante foi sondado pelo Beijing Guoan, clube chinês que já tirou Ralf e Renato Augusto do Corinthians neste começo de 2016.

O jogador, segundo algumas matérias, mostrou-se inclinado a aceitar os cerca de R$ 1 milhão mensais dos chineses e sequer foi relacionado para a partida de ontem contra o Mogi Mirim. O Santos, porém, faz jogo duro para liberar o atleta e exige, ao menos, uma compensação financeira para ceder o artilheiro do último Brasileirão.

O futebol chinês ficou em voga recentemente por ter causado um desmanche no elenco do Corinthians no começo deste ano. Jadson, Gil, Ralf e Renato Augusto deixaram o Parque São Jorge e rumaram para a Ásia, atraídos pelas milionárias ofertas salariais dos chineses. Luís Fabiano (ex-São Paulo) e Geuvânio (ex-Santos) também saíram do Brasil com destino à China.

Os chineses têm investido pesado no futebol com incentivos do governo local. Empresas e magnatas têm injetado dinheiro no esporte com o objetivo de promover e engrandecer a modalidade no país.

O futebol chinês ainda é um mercado considerado emergente, assim como no Oriente Médio, Índia, Estados Unidos e Austrália. A liga desses países ainda está se popularizando e levará algum tempo para que se torne competitiva.

Seus times buscam melhorar o nível técnico local e também sua popularidade buscando atletas de renome. Como dinheiro não é problema para os investidores, eles oferecem salários polpudos aos jogadores. Isto explica porque até mesmo jogadores que estavam na Europa, como Gervinho, Ramires e Lavezzi trocaram o Velho Continente pela Ásia.



Imagem extraída do Facebook oficial do Santos- www.facebook.com/santosfc



A questão é que maior parte dos jogadores opta por jogar na China por questões meramente financeiras. E não é errado pensar desta forma, como eu constantemente explico aqui. Profissionalmente, o atleta tem todo o direito de aceitar ofertas que sejam financeiramente vantajosas.

O ponto de vista técnico, contudo, deveria ter peso na escolha dos atletas. Como escrevi anteriormente, a China ainda é uma liga emergente e o futebol ainda está engatinhando por lá. Isto ficou muito evidente quando o Tianjin Quanjian, equipe comandada por Vanderlei Luxemburgo, foi facilmente derrotada pelo Bragantino em amistoso realizado em janeiro.

Tal argumento explica porque o país tem sido tão procurado por atletas acima de 34 anos. Como o nível dos campeonatos ainda não muito competitivo, jogadores ainda podem fazer muita diferença nos gramados  mesmo que não estejam mais no auge de suas condições físicas. E ainda podem fazer um último grande contrato para suas carreiras.

Jogadores muito jovens ou que ainda estejam no auge de suas carreiras deveriam, portanto, considerar o aspecto técnico das ligas locais antes de abraçarem os milhões de dólares mensais que receberão. Lugares como a China, Estados Unidos e Oriente Médio ainda não oferecem muitos desafios para que jogadores aprimorem suas aptidões em campo.

Estes países, certamente, conseguirão chegar ao nível técnico das ligas europeias algum dia e, quem sabe, consigam competir em glamour com a Champions League. Os investimentos que os governantes e empresários locais vão gerar frutos no futuro. O momento, contudo, ainda não é agora.

Atletas trintões como Ricardo Oliveira, por outro lado, têm toda a razão de aceitarem propostas como as da China. Eles sabem que nessa faixa de idade dificilmente teriam como receber salários tão altos. Além disso, eles teriam muita vivência e experiência para transmitir aos esforçados chineses, o que engrandeceria, e muito, o futebol local a longo prazo.

Apesar disso, não posso deixar de aplaudir a atitude dos dirigentes santistas ao resistirem às investidas dos asiáticos. Os cartolas sabem da importância de Ricardo Oliveira para o time e sabem o quanto ele ainda faz a diferença em campo, apesar de estar com 35 anos.

O Santos, como se sabe, passa por um momento econômico delicado, mas os dirigentes estão enxergando algo mais do que meramente o lucro financeiro ao lutarem pela permanência do atacante. A venda de Geuvânio, que estava na condição de reserva do time, serviu para trazer algum alívio financeiro e, possivelmente, manter as outras estrelas no elenco. Dessa forma, a equipe se mantem competitiva e entrosada para a busca de novos títulos em 2016.



Imagem extraída do Facebook oficial do Santos- www.facebook.com/santosfc


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