quinta-feira, 25 de fevereiro de 2016

Ídolos Não Tão Eternos Assim

Imagem extraída de www.facebook.com/MarcosGoleiro12



O ex-goleiro Marcos, recentemente, concedeu uma entrevista ao jornalista Cosme Rímoli, da Record. O Santo declarou não ter vontade alguma de voltar ao Palmeiras, clube pelo qual dedicou toda a sua carreira profissional.

Marcos afirmou que um eventual fracasso, seja como treinador ou como dirigente, poderia manchar sua história do Palmeiras. E ainda citou o colega Rogério Ceni, que também se aposentou recentemente, afirmando que o ex-goleiro do São Paulo provavelmente sentia o mesmo temor com relação ao Tricolor.

Rogério, há dez anos atrás quando ganhou sua última Libertadores, não descartava se tornar cartola ou mesmo presidente do São Paulo. Hoje, contudo, o Mito trata do assunto com mais cautela como ficou evidente nas entrevistas que concedera após a festa de sua despedida dos gramados.

Os temores de Marcos e Rogério têm fundamentos, sobretudo aqui no Brasil. Quantos ídolos voltaram aos seus respectivos clubes de coração após pendurarem as chuteiras e terminaram criticados sem dó ou piedade?

Paulo Roberto Falcão no Inter, Leão no Palmeiras e Renato Gaúcho no Grêmio foram ídolos em seus respectivos clubes enquanto eram jogadores. Os três, anos mais tarde, voltaram aos seus respectivos times como treinadores mas não tiveram êxito e foram demitidos ao primeiro sinal de crise.



Imagem extraída de www.facebook.com/uefachampionsleague



Eu, contudo, lembrei-me do Barcelona e de alguns de seus treinadores mais bem-sucedidos à frente do clube. O Mestre Johan Cruyff, Josep Guardiola e Luis Enrique não apenas foram treinadores que conquistaram a Champions League à frente do Barça, como também haviam sido ídolos no clube catalão.

Cruyff, Guardiola e Lucho, muito provavelmente, não tiveram os temores de Marcos. Nenhum deles, aparentemente, titubeou quando foram convidados a dirigir um dos maiores times do mundo. É fato que o Barcelona tem muito mais recursos financeiro e elenco que os clubes brasileiros, mas a responsabilidade no banco de reservas é a mesma.

A cultura brasileira no esporte é sempre por imediatismos e resultados a curto prazo. Quando o time não engrena nas três primeiras partidas após uma mudança, os torcedores já começam a questionar a equipe ou o treinador e os dirigentes já começam a pressionar o grupo com medo que alguma crise respingue em seus mandatos.

Na Europa, obviamente, também há pressão por resultados, mas a cultura local faz com que torcedores e dirigentes sejam um pouco mais tolerantes nos momentos de oscilação dos times. Tanto é verdade que há treinadores extremamente longevos à frente de seus respectivos times. Basta lembrarmos de Arséne Wenger e de Sir Alex Ferguson, ambos conhecidos pelos seus intermináveis comandos.

Antigos ídolos, da mesma forma, sentem-se encorajados a retornarem aos seus clube e continuar a história que escreveram enquanto eram jogadores. Thierry Henry, por exemplo, já declarou que deseja retornar ao Arsenal, desta vez no banco de reservas. E Zinedine Zidane aceitou de bom grado assumir um Real Madrid em "crise".

Compreendo perfeitamente os temores de Marcos, mas gostaria muito que ele, Rogério e qualquer outro ídolo retornassem aos seus respectivos clubes e continuassem suas respectivas histórias por lá.

Nada poderia manchar o legado que cada um deles deixou em seus respectivos times exceto, é claro, os imediatismos injustificados de alguns que fazem mais barulho.



Imagem extraída de www.facebook.com/MarcosGoleiro12


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