quinta-feira, 26 de fevereiro de 2015

As Crianças de Löw

Imagem extraída de https://www.facebook.com/DFBTeam/



Eu sempre tenho muita expectativa com relação às convocações do treinador da Seleção Alemã, Joachim Löw (foto acima). Ele sempre oferece espaço para que os jogadores mais jovens possam exibir seus talentos na Mannschaft e não tem pudores de fazer experiências em campo.

Fiz muitas críticas ao trabalho de Löw em 2014 apesar de apreciar muito seu time e seu estilo de jogo. Löw embarcou na ideia de Guardiola ao escalar Phillip Lahm no meio-de-campo e transformou o melhor lateral do mundo em um volante comum. Além disso, não entendi para que deslocar o bom zagueiro Höwedes para a lateral esquerda (ele cometeu algumas trapalhadas na Copa) e improvisar o grande armador Özil como winger. Nada é perfeito, não é mesmo?

O que eu mais aprecio no trabalho de Löw é o fato dele convocar jovens jogadores independente da grandeza da equipe. O treinador encontrou o zagueiro Shkodran Mustafi (foto abaixo) na modesta Sampdoria em 2014. E o colocou para jogar como titular na Copa. Nem o próprio Mustafi lavava muita fé na possibilidade de jogar pelo time principal da Mannschaft. Tanto que ele até estava cogitando em se naturalizar albanês para ter a chance de defender uma seleção. Detalhe: Mustafi jamais jogou profissionalmente na Alemanha. Ele foi revelado pelo Everton (time da Inglaterra), passou pela Sampdoria (da Itália) e atualmente está no Valencia (Espanha).



Imagem extraída do Facebook oficial de Shkodran Mustafi-
https://www.facebook.com/shkodran.mustafi.official.fan.page/



Löw convocou outros "jovens desconhecidos" para a Copa de 2014, incluindo Christoph Kramer, Mathias Gintter, Julian Draxle e Eric Durm. Todos estavam com idade inferior a 24 anos na época. Natural para quem levou Özil, Badstuber, Khedira, Kroos e Müller para jogar a Copa de 2010 quando estavam todos tinham aproximadamente 20 anos. Como nós vimos há cinco anos atrás, muitos foram titulares e fizeram bonito na África do Sul apesar da juventude.

O treinador continua fiel ao seu estilo e segue renovando a Seleção Alemã ao invés de se acomodar com uma base já estabelecida. Suas última experiências foram Sebastian Rudy, Karim Bellarabi, Antonio Rüdiger, Kevin Volland, Jonas Hector e Robin Knoche. Sempre leio notícias a respeito da Bundesliga, mas eu não tinha nenhum conhecimento a respeito deles há até pouco tempo atrás. Tudo feito visando o futuro da Mannschaft.

Em breve, o treinador divulgará novas listas de convocados para as Eliminatórias da Euro 2016. Fico esperando por mais surpresas. Quais "jovens desconhecidos" terão o direito de defender a Alemanha e galgar uma vaga na seleção em algum futuro próximo? Valmir Sulejmani? Emre Can? Mitchell Weiser? Jan Kirchhoff?

Para quem "descobriu" Mustafi em uma equipe considerada "secundária" na Itália, não será nenhuma surpresa se alguns desses nomes surgir para os amistosos de março.



Imagem extraída do Facebook oficial de Shkodran Mustafi-
https://www.facebook.com/shkodran.mustafi.official.fan.page/



DONO DA CASA E DA BOLA


São Paulo no 4-2-3-1 "torto", como dizia André Rocha da ESPN:
os uruguaios não tiraram proveito da marcação adiantada do
Tricolor e deram espaços para os jogadores são paulinos atacarem.
Ganso não deu nenhuma assistência, mas se movimentou bastante
em campo e até deu desarmes (obtido via this11.com).

Acompanhei o jogo do meu São Paulo contra o fraco Danubio e me diverti com o futebol praticado pelo Tricolor. O São Paulo envolveu os uruguaios com seu toque de bola no Morumbi e goleou os rivais, com destaque para Pato que anotou dois dos quatro tentos marcados. E poderia ter sido mais se o time da casa não tivesse sido tão afobado em alguns lances. O Tricolor voltou a jogar em sua formação "ideal" com Michel Bastos atuando como winger esquerdo, Pato centralizado e Luis Fabiano mais aberto na direita. Ponto negativo para o volante Denílson, que continua muito faltoso. Muricy precisa ficar de olho nele, ou o meio-campista pode deixar o São Paulo na mão com sua truculência.



SÓ O BARÇA SALVOU

Dos times que praticam o futebol de posse de bola, só o Barcelona venceu na rodada da Champions League. O Borussia Dortmund e o Arsenal sucumbiram diante dos retranqueiros Juventus e Monaco, respectivamente. Há o jogo de volta, mas é uma tristeza ver equipes de pouca ousadia prevalecendo sobre as que jogam no ataque. O futebol perde muito com isso.



FERRADURA ALEMÃ


O 4-2-3-1 do Bayer contra o 4-4-2 do Atlético: destaque para a
movimentação de Çalhanoğlu, que desarrumou a defesa espanhola
e foi premiado com o gol da partida. Sem Koke e com Arda Turan
improvisado na esquerda, O Atlético não foi muito efetivo no
ataque (imagem obtida via this11.com).

O Bayer Leverkusen tem bons jogadores do meio-de-campo para a frente -Kiessling, Drmić, Bellarabi, Heung-Min e Çalhanoğlu. Mas o restante do time foi uma tristeza. Os zagueiros estavam fazendo "rodízio de faltas" nos jogadores do Atlético de Madrid. O que bateram no Mandžukić não foi brincadeira. Várias faltas cometidas pelos alemães eram dignas de expulsão, mas o juiz aplicava apenas amarelos e isso foi enervando os Rojiblancos. Dois jogadores do Atlético, Saul e Guilherme Siqueira, deixaram o gramado ainda no primeiro tempo por lesão tamanha a deslealdade do Leverkusen.

quarta-feira, 25 de fevereiro de 2015

O Primeiro e o Último Ano




Hoje peço licença ao querido leitor e leitora para escrever a respeito de algo fora do assunto esportivo no texto principal de hoje.

Estive presente em um baile de formatura há algumas semanas atrás. Uma semana depois, fui a uma reunião na faculdade onde me graduei, justamente no mesmo dia em que estava havendo a matrícula daqueles que haviam acabado de superar o dificílimo vestibular. O ano de 2015 era o começo da vida universitária para alguns e o fim para outros.

Foi impossível, nas duas ocasiões, não me recordar dos meus tempos de faculdade, desde o primeiro até o último dia como universitário. Lembrei-me dos trotes, da recepção, das provas e do dia em que colei grau. Não fui ao baile do meu ano por opção.

Fiz questão de ir na formatura deste ano por ter sido a primeira turma que eu supervisionei. Quando fazia pós-graduação, ingressei em um programa para assistir docentes em aula. O que era para ser apenas um meio para se conseguir créditos e auxílio financeiro, logo tornou-se uma experiência inesquecível para mim. Cultivei amizade com muitos dos alunos e cheguei a lamentar que dificilmente veria alguns novamente. Felizmente, as redes sociais existem para que o contato seja mantido. Não escondo meu orgulho de vê-los chegar ao fim de sua jornada.

No dia da recepção, permaneci apenas por algumas breves horas mas foi o suficiente para perceber como a vida na faculdade é cíclica. Enquanto muitos alunos estão indo embora da instituição, muitos outros estão ingressando. Confusos (muitos provavelmente ainda nem acreditavam que haviam superado o vestibular), curiosos, sedentos por novidades e tendo o diploma como objetivo, os ingressantes ainda nem tinham muita ideia do que viria pela frente nos próximos cinco ou seis anos. Felizmente, os alunos do segundo ano (chamados popularmente de "veteranos") foram extremamente atenciosos com os pais e os ingressantes, tirando as dúvidas dos confusos calouros. Caia por terra o mito de que a relação entre calouros e veteranos seria hostil. Lamentei apenas ter conversado pouco com os ingressantes, pessoas com quem provavelmente vou conviver nos próximos anos.

Eu já havia trilhado esse caminho há muito tempo, mas há coisas que você percebe em uma faculdade apenas depois de sair dela. Durante a vida universitária, cria-se a estranha sensação de que não há vida fora da faculdade. Amigos, festas e até mesmo o trabalho é quase que totalmente relacionado à universidade. Observando os acontecimentos pelo lado de fora, percebemos que há vida após a faculdade e o quanto o mundo universitário nos faz falta em alguns momentos. Você se sente como uma ave deixando o conforto do seu ninho.

Já escrevi em outro texto o quanto lamento de não ter aproveitado totalmente o que a universidade tem a oferecer. Mas o que é a vida universitária senão um intervalo entre o ingresso e a formatura? Em apenas uma semana, pude ver e contrastar esses dois extremos da universidade: o momento em que ingressamos neste estranho mundo, e o momento em que saímos do conforto oferecido por ele.

Parabéns aos ingressantes e formandos! Que a experiência proporcionada pela faculdade seja (ou tenha sido) inesquecível em todos os sentidos!






PERDENDO O RUMO DE CASA

O City foi totalmente apático no primeiro tempo e deu muito
espaço para Messi se movimentar. Os laterais ofensivos e o
volante Mascherano ajudaram a prensar o time azul
(obtido via this11.com).
Alguém me explica por que o City só entrou em campo no segundo tempo, quando a vaca já tinha ido para o brejo? O 4-4-2 do time azul deveria encaixar o 4-3-3 do Barça, mas os donos da casa nem viram a cor da bola durante boa parte do jogo. Nasri e David Silva deveriam aproveitar os espaços deixados pelos laterais adversários e cruzar bolas para o grandão Džeko, mas pouco incomodaram. Enquanto isso, o Tiki-Taka do Barça me divertia, Messi distribuía o jogo e a dupla Neymar-Suárez jogava nas costas dos laterais tranquilamente. E o uruguaio fez os dois gols para o Barcelona, abrindo boa vantagem para o jogo de volta.



VAI OU NÃO VAI?

Depois da notícia sobre a venda do meia Jadson, surgiu uma bomba afirmando que o camisa 10 pode permanecer no Corinthians. O atleta estaria com vontade de ficar e ajudar o time segundo algumas matérias. Dirigentes do Corinthians teriam afirmado na segunda que "estavam de mãos atadas" diante da situação. Dá a entender que é o clube quem deseja a saída do jogador para fazer caixa. Será?



FORZA PARMA!

Um dos clubes mais tradicionais da Itália acabou de ser rebaixado por não ter como honrar suas dívidas. Não obstante, o Parma pode sofrer a sua segunda falência -a primeira foi na década passada após problemas envolvendo a então patrocinadora Parmalat. Estou na torcida para que o clube se recupere, afinal são anos de tradição, de grandes jogadores e de dois títulos na Europa League.


terça-feira, 24 de fevereiro de 2015

Mais uma Semana de Champions

Imagem extraída do Facebook oficial do Barcelona- https://www.facebook.com/fcbarcelona



As equipes mais elegantes da Europa entrarão em campo nas próximas duas tardes. Trata-se do Barcelona, do Borussia Dortmund e do Arsenal, todas adeptas do toque de bola e do jogo coletivo. Nem preciso dizes que as três terão minha torcida para avançarem às quartas-de-final. Cabe, ainda, fazer alguns elogios ao Manchester City (que tem bons jogadores, como Yaya Touré e Samir Nasri), à Juventus (que perdeu um pouco da elegância após a saída de Antonio Conte, mas ainda tem bom meio-de-campo) e ao Atlético de Madrid (que não joga exatamente um futebol bonito, mas agrada com seus bons zagueiros e atacantes).

A temporada, infelizmente, não tem sido fácil para as equipes mencionadas. O Barça vem tendo muita dificuldade para alcançar o arquirrival Real Madrid na tabela e ainda sofreu turbulências no elenco. O Arsenal vai se contentar com uma vaga para a Champions da próxima temporada. E o Borussia ainda não está livre da ameaça de rebaixamento. A vaga para as quartas seria muito bem-vinda para todos.

A maioria dos jogadores lesionados, felizmente, já saiu do estaleiro e pode ajudar suas respectivas equipes. Teremos o prazer de ver craques como Özil, Gündoğan e Reus em campo novamente. Pena que outros como Hummels, Vermaelen e Sven Bender continuem ausentes.

Para quem não se lembra, palpitei que todos os times mandantes das partidas de volta, à exceção do Monaco, devem avançar às quartas, a julgar pelo momento vivido pelos clubes. A única dúvida fica em relação ao Borussia Dortmund, que está reagindo na tabela da Bundesliga, mas ainda não está totalmente a salvo da crise. A adversária Juventus, por outro lado, está em melhor fase e continua soberana na Itália. Mesmo assim, mantenho o meu palpite, levando em conta o retrospecto recente do time aurinegro nos jogos da Champions, mesmo com os desfalques.

As equipes tiveram poucas mudanças na temporada. As negociações da janela de inverno (lembrando que no Hemisfério Norte as estações do ano são invertidas em relação ao Brasil) foram mornas e houve pouca movimentação de jogadores. Ainda assim, alguns times desta semana terão novidades em seus elencos, como o Arsenal que contratou o zagueiro brasileiro Gabriel, o City que trouxe o atacante marfinense Bony e o Atlético que trocou com o Milan o italiano Cerci pelo espanhol Fernando Torres.

As partidas serão transmitidas às 16:45h (horário de Brasília -lembrando que o horário de verão acabou) de hoje e de amanhã nos canais Band, Esporte Interativo e ESPN.

Se você está cansado da brutalidade e burocracia dos estaduais, eis uma chance de ver futebol bonito e bem jogado!



Imagem extraída do Facebook oficial do Barcelona- https://www.facebook.com/fcbarcelona


O PATO PEDE PASSAGEM

O Campeonato Paulista, definitivamente, não é um parâmetro seguro para se avaliar o desempenho de um jogador devido à baixa qualidade técnica da competição. Mesmo assim, o atacante Alexandre Pato tem a brilhante marca de seis gols em seis jogos e vem mostrando empenho em campo. Ainda é cedo para ele voltar à Seleção ou à Europa, mas ficou bem claro que ele merece ser titular na Libertadores.



TCHAU, JADSON

Durou pouco o "ressurgimento" de Jadson no futebol brasileiro. O Timão tentou segurá-lo devido ao seu desempenho e importância para a equipe de Tite, mas os chineses do Jiangsu Sainty pagaram a multa rescisória e levarão o meio-campista em breve. Pesaram a situação financeira do Corinthians e o fato do atleta já ter 31 anos. Resta saber quem será o substituto do meia no Coringão, mas penso que Luciano, Petros (ambos abertos pela esquerda) ou Danilo (jogando centralizado) podem dar conta do recado.


segunda-feira, 23 de fevereiro de 2015

O Esporte e a Sociedade





Eu fico pensando com frequência a maneira como o esporte muda a vida das pessoas. A maioria de nossos esportistas, em especial os jogadores de futebol, tiveram origem humilde. Muitos, inclusive, nasceram e cresceram em favelas. Vários deles viveram às margens da sociedade, conviveram com a exclusão social e foram constantemente tentados a seguirem o caminho do crime. Só não trilharam a rota da ilegalidade porque, por sorte ou esforço próprio, descobriram o esporte como alternativa.

O esporte, de certa forma, é uma ferramenta de ascensão social muito poderosa. Talvez até demais. Vejo garotos com idade inferior a 17 anos recebendo propostas de grandes clubes da Europa e polpudas ofertas de patrocínio. Exageros à parte, é um caminho para que um menino ou menina saia da marginalidade e consiga uma vida digna.

Nem todos têm a mesma sorte ou força de vontade e acabam sucumbindo à vida do crime. Há até mesmo crianças agindo no mundo da ilegalidade. Há muito tempo, assisti a uma reportagem na televisão e jamais me esqueci das palavras proferidas a respeito do assunto: "você não tem escolha, o crime te engole".

E se oferecêssemos mais alternativas às pessoas pobres? E se fossem dadas mais chances para que pessoas de origem humilde pudessem encontrar seu caminho no esporte? Poderíamos, ainda, oferecer tais oportunidades a detentos e menores infratores para que possam reconstruir suas vidas através do esporte.

Tais oportunidades poderiam vir das mais variadas formas, como programas sociais, iniciativa privada, organizações não governamentais ou qualquer outro meio semelhante. Penso, inclusive, na possibilidade recrutar menores internos, introduzí-los no futebol e, posteriormente, colocá-los nas categorias de base nos clubes. Bons desempenhos escolares e esportivos poderiam ser utilizado em um programa de recompensa, abatendo o tempo de internação a medida em que o garoto vai tirando boas notas e progredindo em sua modalidade esportiva.

Seriam, obviamente, necessários bons profissionais de áreas sociais, pedagógicas (incluindo profissionais de educação física) e psicológica para que os garotos possam receber instrução (e ressocialização, no caso de internos) adequada. Seriam interessantes também que jogadores oferecessem palestras ao garotos explicando a eles como o esporte os ajudou a fugir da marginalidade e conquistar uma vida digna. Exemplos não faltam.

Tudo isso, por enquanto, não passa de uma utopia, mas pode ser que o craque de amanhã esteja neste momento vendendo balas ali no cruzamento buscando por alguma oportunidade. Basta apenas que ela se apresente para que o menino possa abraçá-la.



AS DUAS JUVENTUS

Ano após ano, a Juventus é soberana na Itália e já abriu nove pontos em relação à segunda colocada, Roma. Mas fora do país, a Juve ainda não convenceu, classificou-se ao mata-mata da Champions a duras penas e vai cruzar com o Borussia Dortmund. Há alguns meses atrás, certamente a Vecchia Signora passaria fácil pelos aurinegros, que estavam muito desfalcados e enfrentavam forte crise. Como o time alemão se recuperou, o resultado já não é tão previsível e há risco dos italianos caírem novamente na competição continental. Será que a Juventus consegue superar esse triste retrospecto?



SHOW DE HORRORES

Assisti ao embate do Ituano contra o Corinthians e o que eu vi foi uma partida com a cara do nosso Paulistão: jogo truncado, cheio de faltas e com um futebol muito feio das duas equipes. Nem os narradores e comentaristas estavam aguentando ver o jogo. Os reservas do Timão tinham tudo para brilhar em campo diante de um adversário fraco, apagar a má impressão deixada diante do Botafogo de Ribeirão e, com isso, cavarem uma vaga no time principal. Mas, pelo jeito, Jadson, Renato Augusto e companhia terão sua titularidade assegurada por um bom tempo. Por outro lado, tivemos outra boa exibição do goleiro corinthiano Cássio que tirou bom proveito de seu tamanho nas intervenções e pode chegar à Seleção se mantiver o bom desempenho.



PREVISÃO PARA A COPA DO BRASIL

Como a grande maioria dos clubes brasileiros declara que está em crise, podem ter a certeza que os times darão o máximo para encontrarem alternativas de receita. Desta forma, tenho certeza que todos os grandes times vão forçar o segundo jogo. Motivo: se os grandes times vencerem por até um gol de diferença no primeiro jogo, haverá partida de volta com o mando da equipe maior. E os grandes clubes estarão de olho na bilheteria e nos direitos de transmissão das partidas de volta. Alguns, inclusive, usarão seus novos estádios como atrativo.

domingo, 22 de fevereiro de 2015

Flanqueando

Imagem extraída do Facebook oficial do Barcelona- https://www.facebook.com/fcbarcelona/



O Barcelona perdeu em casa ontem para o Málaga em uma falha do lateral brasileiro Daniel Alves (ao centro da foto acima). Tal fato não chega a ser de todo inesperado, afinal tanto ele quanto Jordi Alba são laterais muito eficazes no ataque e no apoio, mas pouco efetivos na defesa.

O lateral mais ofensivo sempre foi uma característica do Brasil. Desde os tempos do saudoso Djalma Santos, nossos laterais são conhecidos por apoiarem bastante o ataque. Fora do Brasil, no entanto, são poucos os laterais que se destacam pela ofensividade, tanto que é comum improvisar zagueiros na posição em caso de desfalques. Mas isto vem mudando nos últimos anos com laterais cada vez mais fortes no ataque, como Lahm, Marcos Rojo, Daley Blind e tantos outros que sobem bastante para cruzar bolas.

Tal característica, contudo, tem contrapartidas e os adversários conseguem jogar nas costas dos laterais aproveitando as subidas destes. Mesmo aqui no Brasil, esse tipo de lateral vem recebendo críticas por deixar espaços para os contra-ataques adversários. Douglas (em seus tempos de São Paulo), Fagner (do Corinthians) e Mena (quando jogava no Santos) que o digam.

Os treinadores, felizmente, encontram maneiras de compensar a falta de defensividade dos laterais sem ter de mudar as características dos atletas. Observe o que já foi feito.


1- USO DE WINGERS: eu já expliquei várias vezes o que é um winger, certo? As equipes adotam esquemas como 4-4-2, 4-2-3-1 ou 4-1-4-1 onde os pontas oferecem cobertura para os laterais, tanto no ataque como na defesa. Os jogadores atuam em duplas vencendo os rivais pela superioridade numérica colocando dois jogadores para tirar espaços dos adversários na defesa ou, então, para sobrecarregar a marcação adversária pelos lados.



Atlético de Madrid no 4-4-2 em 2014-15 (esquerda) e Bayern München no 4-2-3-1 em 2012-13 (direita): laterais têm
liberdade para subir sem comprometer defensivamente as suas equipes, uma vez que os wingers oferecem  cobertura
defensiva para tirar os espaços dos rivais. As setas mostram a movimentação dos atletas em campo (obtido via
this11.com).



2- USAR TRÊS ZAGUEIROS: Louis Val Gaal tinha sérios problemas defensivos durante a Copa de 2014, com zagueiros pouco seguros e laterais estritamente ofensivos. A solução foi adiantar os laterais para o meio-de-campo e colocar mais um defensor. Isto não comprometeu a tradicional ofensividade holandesa, nem a qualidade do futebol jogado. E a Oranje ainda ganhou mais consistência defensiva.



Formação típica da Holanda com três zagueiros: os laterais têm
mais liberdade para subir sem deixar espaços para os contra-
ataques rivais. E, ainda, há wingers voltando para marcar
(imagem obtida via this11.com).



3- ADIANTAR OS LATERAIS: um amigo meu sempre diz que Marcelo e Dani Alves, os dois laterais da Seleção Brasileira na Copa 2014, "não são laterais, e sim meio-campistas". Assim sendo, pode-se entrar em campo com quatro laterais, dois com mais liberdade para subir e dois mais recuados. A última função pode ser feita com dois zagueiros atuando mais abertos, como fazem os times de fora do Brasil.



Em 2013, o então treinador Ney Franco encontrou esta solução
para compensar a ausência de Lucas e aproveitar as características
ofensivas de Douglas no São Paulo (obtido via this11.com).



4- FALSO ESQUEMA DE TRÊS ZAGUEIROS: alternativa da opção número 2. Volantes como Mascherano, Lorik Cana e Luiz Gustavo podem ser postados centralizados à frente da zaga. O Volante recua enquanto os laterais avançam, alterando o esquema para 3-4-3 ou 3-5-2, dependendo do número de atacantes.


Wolfsburg na atual temporada: Luiz Gustavo recua e oferece
liberdade para os laterais Jung e Ricardo Rodríguez
subirem para o ataque (obtido via this11.com).



Se o seu lateral está jogando mal, experimente mandar estas sugestões para o "professor". Talvez uma simples mudança no esquema tático seja tudo o que o lateral precise para brilhar em campo.



HAZARD=RISCO

Não é só no Brasil que os artistas da bola sofrem com a truculência dos rivais. O meia belga Eden Hazard encanta o torcedor do Chelsea com os seu dribles ao mesmo tempo que irrita os seus adversários. Para os jogadores que estão batendo em Hazard, tenho uma sugestão: mudem de esporte e deixem os artistas da bola trabalharem. Futebol é lugar para arte e lances bonitos, e não para violência.



AVISO AO GUERRERO

O Corinthians ainda não chegou a um acordo para uma renovação com o peruano Paolo Guerrero, mas já contratou dois atletas para a posição do camisa 9: o experiente Vágner Love (que vem para disputar posição) e o jovem colombiano Stiven Mendoza (que vem para ser reserva). Como o Timão dificilmente precisa de três jogadores para uma mesma posição, tudo leva a crer que o peruano não deve ficar para o segundo semestre.



O LYON PODE REERGUER A FRANÇA

Mesmo sem ter os recursos financeiros do PSG, o Lyon faz frente aos rivais parisienses e vai liderando a Ligue 1 2014-15 com relativa tranquilidade. Um dos segredos da equipe é o forte investimento nas categorias de base para compensar as dificuldades para se contratar e manter atletas de alto nível. Isto pode ser benéfico para a Seleção francesa, que poderá contar com as pratas reveladas pelos Gones. Se esses meninos repetirem o desempenho na Champions League e também com a camisa dos Bleus, talvez possamos ter surpresas vindas da França neste ciclo.


sábado, 21 de fevereiro de 2015

Fred: Craque ou Cone?

Imagem extraída de https://www.facebook.com/CBF



Mais de seis meses se passaram desde a Copa do Mundo. O Brasil fez uma campanha apenas regular, demonstrou pouco equilíbrio emocional, jogou mal em todas as partidas e aquele que deveria ser seu homem-gol, Fred, foi duramente criticado por torcedores e mídia em geral.

Fred, de fato, não fez uma boa Copa do Mundo. Seu desempenho foi muito abaixo do esperado. Movimentou-se pouco em campo, mal tocou na bola e, quando a tinha nos pés, perdeu muitos gols feitos.

As críticas ao atacante, no entanto, foram exageradas. Fred foi mal na Copa e acabou. O desempenho ruim do atacante não significa que ele seja necessariamente um jogador ruim. Muito pelo contrário: Fred tem muitas qualidades que o torcedor e a imprensa, no calor da decepção, ignorou em meio às críticas feitas ao centroavante.

Fred é um bom jogador, sim. Foi um atleta importante no Cruzeiro (clube que o revelou) naquele timaço campeão de 2003, foi peça fundamental no Lyon durante a década de 2000 quando os Gones faturaram sete campeonatos franceses seguidos, e hoje é ídolo e capitão do Fluminense, onde foi duas vezes campeão brasileiro. Ele é um bom atacante, tem faro de gols e soube fazer a diferença nos três clubes que defendeu durante sua carreira profissional. Contra o atacante, pesam o fato dele não ter muita movimentação em campo, sua idade (ele já estava com 30 anos quando disputou a Copa) e o seu grande histórico de lesões.




Sem um meio-de-campo criativo, as bolas não chegavam para
Fred. Felipão obrigava Oscar e Hulk a voltarem para marcar além
 de amarrar as subidas de Paulinho. Resultado: dependíamos
unicamente do talento de Neymar na frente para 
criarmos alguma chance de gol (obtido via this11.com).



Um outro argumento a favor de Fred é que ele não foi o único atacante de área a decepcionar no último mundial. Gonzalo Higuaín (da Argentina) e Edin Džeko (da Bósnia-Herzegovina) também apresentaram desempenho abaixo do esperado, tocando pouco na bola e perdendo muitos gols. E ambos padeceram do mesmo problema que a Seleção Brasileira: falta de criatividade no meio-de-campo.

Tanto Džeko quanto Higuaín balançaram as redes uma única vez durante a Copa, assim como Fred. Os treinadores também sacrificaram a criatividade do meio-de-campo em detrimento à defesa. Na Argentina, os meio-campistas tinham muito mais características de marcação do que criação (Mascherano, Biglia e Gago). O único que poderia criar alguma boa jogada era Maxi Rodríguez, mas, inexplicavelmente, ele era pouquíssimo utilizado e Messi era obrigado a voltar para fazer a função de armador. Na Bósnia, o treinador Safet Sušić tirou seu melhor jogador, o atacante Vedad Ibišević, para colocar mais homens de marcação no meio-de-campo. Como resultado, Džeko tinha de se virar sozinho no ataque, as bolas não vinham e jogador do City virou um peso morto em algumas partidas.



Não foi só Fred que pagou pelo excesso de cautela do treinador: na Argentina (esquerda) e na Bósnia (direita)
os treinadores também sacrificaram a criatividade de seus meios-de-campo para evitar os gols do adversários. Resultado:
Higuaín e Džeko eram pouco acionados e, praticamente, não produziram nada em campo (obtido via this11.com).



Džeko e Higuaín deixaram de ser ídolos em seus respectivos clubes mesmo após terem jogado abaixo das expectativas na Copa de 2014? Os dois, por acaso, deixaram de ser convocados para suas respectivas seleções? É claro que não. Os treinadores e torcedores sabem que os referidos atletas foram mal na competição, mas não perderam seu valor ou importância.

Fred tratou de se redimir ainda em 2014, quando terminou na artilharia do Brasileirão à frente de Henrique. Em uma de suas entrevistas, ele chegou a desabafar -com razão- a respeito das dificuldades vividas no Fluminense e também pelos insultos.

Fred jogou mal a Copa de 2014. No entanto, ele ainda é um bom atacante e mereceu sua convocação porque estava em boa fase no Flu naquela época. O desempenho ruim de um atleta em um jogo ou campeonato jamais pode invalidar o valor que ele possui.



A ELEGÂNCIA VOLTOU!

Eu me deliciei com a vitória do Borussia Dortmund sobre o lanterna Stuttgart em plena Mecedes-Benz Arena. O time de amarelo envolveu os rivais com seu toque de bola e só não venceu por goleada porque os adversários ainda conseguiram diminuir na bola parada. E o que o Reus e o Gündoğan jogam, hein? Leveza, elegância, passes precisos e muita movimentação em campo. Pena que eles não vieram para o Brasil em 2014. Eu estava ansioso para ver os dois desfilando seus talentos em nossos gramados. Já é a terceira vitória seguida dos Aurinegros, que estão cada vez mais longe do rebaixamento e cada vez mais próximos das competições continentais. Ah, e muito obrigado ao portal Terra por exibir algumas partidas da Bundesliga! Foi um prazer imenso acompanhar a partida do meu Borussia através do portal!



UMA IMAGEM VALE MAIS QUE MIL PALAVRAS

Eu queria escrever a respeito do caso de racismo envolvendo torcedores do Chelsea, mas a figura abaixo, publicada no blog Futirinhas, já fez um excelente trabalho, digno de ser compartilhado.

Imagem extraída de https://www.facebook.com/BlogFutirinhas/


sexta-feira, 20 de fevereiro de 2015

Quando a Festa Acaba

Imagem extraída do Facebook oficial de Bruno Rezende- https://www.facebook.com/BruninhoRezende



Há algum tempo atrás, havia um time de vôlei chamado RJX/Rio de Janeiro, criado em 2011. Tratava-se de uma equipe com sede na capital carioca e que tinha como investidor ninguém menos que o renomado empresário Eike Batista.

O empresário, que gozava de muito prestigio e sucesso na época, investiu pesado no clube, possibilitando a vinda de grandes estrelas para a equipe, incluindo o levantador Bruninho, o oposto Théo, o líbero Mário Júnior, os ponteiros Lucão e Dante. Com tantos jogadores de qualidade e já entrosados com suas passagens pela nossa Seleção, a equipe carioca não tardou a se destacar nos campeonatos nacionais. O auge do time se deu na temporada 2012-13, quando o RJX faturou seu primeiro (e único) título na Superliga em cima do poderoso Sada/Cruzeiro.

A alegria do RJX não duraria por muito tempo. No mesmo ano em que conquistou seu título na Superliga, o investidor viu seu imenso patrimônio encolher. Com a crise em suas empresas, Eike Batista foi obrigado a cortar gastos e isto afetou o clube. Os investimentos ao RJX foram interrompidos e o clube mudou de nome para "RJ Vôlei", o que decretava o fim do vínculo com o empresário mineiro.

Sem os investimentos do empresário, foi impossível manter os salários dos atletas e as estrelas foram todas embora. Alguns jogadores, inclusive, cogitaram mover ações judiciais pelos atrasos nos pagamentos. O clube minguou durante a temporada 2013-14, mas a equipe carioca ainda conseguiu chegar às quartas-de-final da competição graças ao esforço do treinador Marcelo Fronckowiak, que chegou a desabafar durante entrevistas a respeito da situação do time.

O RJ Vôlei terminou a temporada 2013-14 em 5º lugar apesar de todos os problemas enfrentados, mas tal feito não foi suficiente para manter o time financeiramente apto para a disputa da temporada seguinte e a equipe foi desfeita. O clube ainda existe, mas aguarda novos investidores para que uma nova equipe seja formada.



Imagem extraída do Facebook oficial de Bruno Rezende-
https://www.facebook.com/BruninhoRezende



Lendo a história de ascensão e queda do RJX, foi impossível não pensar nos clubes europeus pertencentes a magnatas da Ásia, Leste Europeu e Oriente Médio. São os casos do Chelsea, Paris Saint-Germain, Manchester City e Mônaco, todos clubes que se valeram dos recursos de seus investidores para adquirir e manter grandes estrelas em seus elencos. Os resultados já aparecem, com os Blues, os Citizens e o PSG faturando muitos troféus nos últimos anos graças aos seus elencos milionários.

Quase todos esses investidores, assim como Eike, obtém seus lucros investindo em minérios como petróleo, gás natural e metais. Tais recursos geram enormes dividendos, mas não são inesgotáveis -são chamados de recursos naturais não-renováveis- e também estão sujeitos ao mercado de ações. Uma forte crise envolvendo o petróleo, por exemplo, poderia reduzir drasticamente os lucros desses investidores, o que os obrigaria a cortar gastos. E isto certamente afetaria os clubes que são mantidos com recursos desses magnatas, como aconteceu com o RJX.

Cada vez mais magnatas estão investindo ou mesmo adquirindo times na Europa. Valencia e Internazionale são dois clubes que foram recentemente adquiridos por magnatas asiáticos. Vários nomes de peso já aparecem nos elencos, mas os Muricélagos e os Nerazzuri ainda não se mostraram aptos a brigarem por títulos.

Todos esses clubes podem conquistar muitos troféus contratando muitas estrelas para seus elencos. Ou podem terminar de forma trágica como o RJX, minguando por não terem mais como manter seus astros no elenco.



Imagem extraída do Facebook oficial de Bruno Rezende- https://www.facebook.com/BruninhoRezende



MAJESTOSO I

As reclamações do meia Paulo Henrique Ganso, afirmando que o árbitro prejudicou o São Paulo contra o Corinthians, não procedem. O juiz errou ao não dar falta de Émerson em Bruno no lance que gerou o segundo gol corinthiano, mas o mesmo árbitro também favoreceu o Tricolor ao não expulsar o volante Denílson, que desferiu uma cotovelada em um adversário. Ademais, os jogadores são-paulinos, em dado momento, mais pareciam preocupados em reclamar do que jogar bola. Futebol também se joga com os nervos e o equilíbrio emocional pode fazer toda a diferença em campo. Ou será que lances como a cabeçada de Zidane em Materazzi na Copa de 2006 beneficiaram o time do agressor de alguma forma?



MAJESTOSO II

Já tem veículo de imprensa afirmando que o São Paulo entrou em crise após a derrota para o Corinthians. Há alguns dias atrás, afirmaram que o Real Madrid também estava em crise após aquela sequência de derrotas e a goleada por 4x0 sofrida para o rival Atlético de Madrid. A mídia gosta de fazer tudo parecer uma tragédia, afinal isso sempre gera mais audiência e vende mais jornais.



COMEÇAR DE NOVO

O único representante do Brasil que ainda não estreou na Libertadores foi o Cruzeiro, atual campeão brasileiro. Estou bastante ansioso para ver como a Raposa se sairá após sofrer um grande desmanche ao final da última temporada. Até o momento, Egídio, Lucas Silva, Ricardo Goulart, Éverton Ribeiro e Marcelo Moreno deixaram a equipe mineira. E as perdas podem aumentar uma vez que o lateral-direito Mayke estaria na mira de clubes portugueses. O treinador Marcelo Oliveira, mais uma vez, terá de montar o time do zero, assim como havia feito em 2013. Os campeonatos estaduais não servem como parâmetro para medir o desempenho dos clubes, uma vez que a maioria dos rivais participantes sequer disputam a Série B do Brasileirão.


quinta-feira, 19 de fevereiro de 2015

Iconoclastia

Imagem extraída do Facebook oficial de Anderson Silva-
https://www.facebook.com/spideranderson



Até hoje me impressiono com o quanto o brasileiro precisa de ídolos para viver. Muitos de nós depositamos nossa fé e esperança naquele em que acreditamos que nos representa. Políticos, artistas, esportistas e pessoas públicas em geral. A idolatria é tamanha que em alguns casos beira ao fanatismo. Tudo isso impulsionado pela força da mídia.

O que acontece quando descobrimos que aquele ídolo não era nada do que esperávamos? E se descobrirmos que ele fez algo errado, ilegal ou criminoso? Como expliquei no meu texto Castelo de Cartas, é muito difícil construir uma reputação, mas basta um único deslize para que toda uma imagem venha abaixo, tal qual um castelo de cartas.

O lutador Anderson Silva foi um desses ídolos. O brasileiro via no atleta os melhores valores do mundo enquanto ele ainda era capaz de vencer e conquistar títulos. Vieram as duas derrotas para Chris Weidmann e a fama do Spider foi arranhada. O esportista treinou, se reabilitou e, com a força da mídia, voltou aos ringues para vencer Nick Diaz.

Ou não. Um exame anti-doping acusou a presença de substâncias proibidas no sangue do lutador. Veio um segundo teste, realizado antes da luta contra Diaz afirmando que o brasileiro estava "limpo". Toda a esperança a respeito da inocência de Anderson, contudo, veio abaixo quando uma terceira análise, realizada após a reestreia de Spider no ringue, detectou novamente a presença de substâncias ilegais em seu corpo. Estava defeito o "mito" Anderson Silva.

Sentimentos de decepção ecoaram pelo planeta tão logo que os resultados foram divulgados. O lutador recebeu uma suspensão temporária -o brasileiro ainda será julgado para a definição de uma punição definitiva.

Posso dizer como farmacêutico que análises laboratoriais não são infalíveis e há possibilidades de erros, seja por limitações do método, seja por negligência do operador. Para evitar esse tipo de falha, as análises são sempre realizadas mais de uma vez. Em decorrência disso, fica muito difícil contra-argumentar quando mais do que um teste acusa a presença de substâncias consideradas ilegais. É muito difícil, portanto, que o brasileiro seja declarado inocente da acusação de doping.

Tenha Anderson sido culpado ou não, seu caso mostra como nunca devemos acreditar piamente em nossos ídolos. Pessoas públicas são seres humanos como nós, falham como nós e cometem erros como nós.

Meu maior ídolo no futebol é o holandês Johan Cruyff. Gosto de sua filosofia de jogo e sempre leio o que ele tem a dizer, mas isso não significa que eu concordo com tudo o que ele afirma e nem que aceito seus argumentos sem antes refletir a respeito do assunto. Você jamais concordará totalmente com uma pessoa, seja quem ela for. A humanidade é heterogênea.

Podemos admirar as pessoas. É interessante termos uma pessoa em quem nos espelharmos para alcançar algum objetivo, mas jamais devemos superestimar esse ídolo, seja quem ele for.



Leia mais:

Blog do Juca Kfouri- Desculpe pelo cinismo: http://blogdojuca.uol.com.br/2015/02/desculpe-pelo-cinismo/



O ÔNIBUS QUEBROU

A ideia de Di Matteo era congestionar o meio-de-campo para
encaixar o 4-3-3 do Real e isolar os meias dos atacantes. Mas
as subidas dos volantes e laterais merengues acabaram com a
retranca do Schalke (imagem obtida via this11.com).

Roberto Di Matteo bem que tentou usar a tática do Chelsea que deu certo contra o Barcelona em 2012. Mas a zaga do Schalke 04 era muito mais fraca tecnicamente do que a dos Blues há três anos atrás, e pouco pôde fazer diante de um Real cheio de recursos. Ademais, Carlo Ancelotti compensou as ausências de James e Modrić com dois laterais mais ofensivos, Marcelo e Carvajal. E os dois demoliram o ônibus do Schalke com suas subidas para o ataque.



NERVOS À FLOR DA PELE

Muricy inventou um 4-4-2 losango do São Paulo que
não deu certo contra o 4-1-4-1 já estabelecido
do Corinthians (imagem obtida via this11.com).

Faltou equilíbrio emocional ao São Paulo, que foi muito afobado no ataque e tomou muito mais cartões (três por reclamação) que o Corinthians. Muricy também errou e deveria ter mantido o esquema de três atacantes ao invés de inventar em um jogo como esse -Michel Bastos foi recuado para a lateral e o Tricolor entrou com três volantes. O Corinthians mereceu a vitória, mas pecou ao recuar após os gols e deixar o rival ficar com a bola -antigos vícios são difíceis de largar, né Tite? O São Paulo cresceu muito no final do primeiro tempo e só não incomodou mais no segundo porque já estava muito nervoso em campo. De resto, o jogo foi agradável, com muito toque de bola ao invés da correria desenfreada do passado.



PERIGO CHILENO

O Colo-Colo foi a campo com cinco jogadores que já disputaram Copas do Mundo pela Roja (Paredes, Fierro, Beausejour, Maldonado e Suazo) e passou com relativa facilidade pelo Atlético Mineiro, que é um dos melhores times do Brasil. Tal fato não pode ser ignorado, pois isto mostra a força do futebol chileno e podemos ter certeza que alguns deles vão jogar a Copa América pela seleção de seu país. E é bom lembrar que eles teriam nos eliminado no ano passado se a bola de Pinilla não tivesse carimbado a trave de Júlio César. Podemos não ter sorte da próxima vez, ainda mais que jogaremos na casa deles.

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2015

Mama África

Imagem extraída do Facebook oficial de Karim Benzema- https://www.facebook.com/KarimBenzema/



Cada vez mais jogadores descendentes de africanos vêm tendo espaço nas seleções europeias. A Alemanha conta com o zagueiro Jérôme Boateng, o volante Sami Khedira e agora com o atacante Karim Bellarabi. Portugal conta com o atacante Nani e o lateral José Bosingwa. A Itália conta com os atacantes Mario Balotelli e Stephan El Shaarawy. A Espanha acabou de efetivar o garoto Munir El Haddadi. A Bélgica tem Kompany, Fellaini, Dembélé, Origi, Lukaku, entre tantos outros. A França, então, conta com uma verdadeira legião de descendentes daquele continente: Benzema, Nasri, Sakho, Pogba, Matuidi, Mangala, Sissoko, ... Mesmo o maior jogador da frança, Zinedine Zidane, tem sangue argelino correndo em suas veias.

Mas o que explica a presença de tantos descendentes de africanos nas seleções europeias? A resposta, no caso, é a imigração.

Muitos africanos vêm à Europa em busca de uma vida melhor, ou então como refugiados de guerras civis. A história do volante francês Rio Mavuba, cujos pais fugiram da Angola, ilustra bem esse tipo de situação. Muitos desses imigrantes tentam entrar de maneira clandestina no Velho Continente e há cada vez mais pressões -populares e governistas- para dificultar ou mesmo proibir a entrada de estrangeiros nos países europeus. Da mesma forma, a xenofobia ganha força contra todo e qualquer imigrante e seus descendentes. Apenas o primeiro de muitos desafios que alguns desses jogadores tiveram enfrentar antes de conhecerem o estrelato no futebol.



Imagem extraída de https://www.facebook.com/FIGC/



Os jogadores, eventualmente, descobrem no futebol um estilo de vida, seja pelo prazer de jogar bola, seja como uma maneira de enfrentarem seus problemas. Desta forma, os talentos dos garotos afloram e não tardam a vir grades clubes atrás deles. Alguns são recrutados ainda nas categorias de base, uma vez que as entidades estão cada vez mais ávidas por jovens talentos. Qualquer menino tido como um craque em potencial pode se tornar o pivô de disputas entre gigantes europeus.

Nos grandes clubes, finalmente, aqueles meninos cujos pais foram obrigados a abandonar o país de origem conhecem a fama e a fortuna. O estrelato, muitas vezes, acontece de forma repentina, com o menino entrando aos trinta minutos do segundo tempo e fazendo aqueles dois gols da virada em uma partida que parecia perdida. Com o cartão de visita, o garoto recebe mais chances, torna-se titular e, em seguida, ídolo.

A fama logo corre o planeta e outros clubes oferecem propostas milionárias ao jogador. A reputação do atleta também chega aos treinadores das seleções, que desejam que o jovem represente um país em competições internacionais.



Imagem extraída do Facebook oficial de Marouane Fellaini- https://www.facebook.com/MarouaneFellaini



Quando a primeira convocação chega, surge a grande dúvida: qual seleção defender? Optar pelas raízes ou ficar com a nação em que o jogador foi criado? As regras da FIFA permitem que um jogador defenda algum outro país além daquele em que nasceu, seja via naturalização, seja via antecedentes.

Paul Pogba, por exemplo, poderia defender a França (país onde nasceu) ou a Guiné (país de onde seus pais emigraram). Os irmãos mais velhos do volante, Mathias e Florentin, optaram por defender o país africano enquanto o atleta da Juventus preferiu vestir a camisa dos Bleus. Há uma infinidade de jogadores nascidos na França que optaram por defender o país de seus ancestrais. Basta ver a Seleção da Argélia, que é quase que completamente formada por jogadores nascidos em solo francês.

Tais regras geraram alguns confrontos curiosos, como o caso dos irmãos Kevin-Prince e Jérôme Boateng, ambos nascidos em solo alemão mas filhos de pai ganês. O mais velho optou por defender a Seleção Ganesa enquanto o mais novo preferiu a Alemanha. E os dois já se enfrentaram duas vezes em Copas do Mundo (2010 e 2014). Jérôme, até o momento, levou a melhor sobre Prince, com uma vitória na África do Sul e um empate aqui no Brasil.

Há quem continue negando a presença de estrangeiros no Velho Continente, mas é inegável a importância dos descendentes de africanos nas seleções europeias. Zidane foi o melhor e mais importante jogador na conquista do único título da França em Copas do Mundo. A Alemanha jamais teria conquistado o tetra sem Boateng ou Khedira. E o que dizer da Bélgica, que possui quase 50% de descendentes no elenco de sua seleção?

Lendo as histórias de todos estes jogadores, vejo no futebol uma esperança para um mundo melhor em todos os sentidos. Para os imigrantes e seus descendentes, o esporte os ajuda a alcançar a tão esperada vida melhor. Para a Europa, vejo no futebol uma maneira de se aumentar a aceitação de imigrantes e também de se combater a xenofobia.



Imagem extraída do Facebook Oficial de Jérôme Boateng-
https://www.facebook.com/JeromeBoatengOfficial/



DERROTAS PARA O FUTEBOL ARTE

Lamentei profundamente que a Universidad de Chile (que joga um futebol no estilo do treinador Jorge Sampaoli) e o Internacional (que tem um grande meio-de-campo) tenham sucumbido para a altitude andina. É apenas a primeira rodada e há muitas chances para as equipes se recuperarem, mas continuo insistindo: os times precisam se preparar melhor para jogar na altitude. Todo ano acontecem jogos nos Andes e, mesmo assim, os clubes nunca fazem a preparação adequada.



IGUAIS

Assisti ao empate entre PSG e Chelsea e gostei do desempenho das equipes do meio-de-campo para a frente. Mas as defesas cometeram faltas pra caramba, principalmente a dos franceses. O que bateram no Hazard ontem não foi brincadeira. E o Diego Costa precisa de alguns conselhos: o hispano-brasileiro abusa muito da catimba e esse tipo de comportamento pode acabar prejudicando as equipes que defende. É bom o Mourinho e o Del Bosque ficarem de olho no camisa 19.



FALANDO EM IMIGRANTES...

O italiano Arrigo Sacchi é um dos melhores treinadores do mundo, mas ele se expressou muito mal quando fez críticas à base da Itália. O técnico declarou que há "muitos negros e estrangeiros nas bases da Azzurra" e deu a entender que estava sendo preconceituoso com os imigrantes e seus descendentes. Eu realmente espero que Acchi não tenha a intenção de ofender os imigrantes, pois, como acabamos de ver no meu texto, africanos e seus descendentes tiveram grande importância para as seleções europeias.


terça-feira, 17 de fevereiro de 2015

Fim de Férias

Imagem extraída do Facebook oficial do Chelsea- https://www.facebook.com/ChelseaFC/



Boa tarde, queridos leitores e leitoras! E que tarde! Termina hoje o recesso da UEFA Champions League, o melhor campeonato de futebol do mundo! Finalmente veremos os maiores craques do planeta em ação novamente!

Quatro jogos válidos pelas oitavas-de-final da competição serão disputados nesta semana. Hoje, o Paris Saint-Germain recebe o Chelsea, enquanto o Shaktar Donetsk recebe o Bayern München. Na tarde de amanhã, o Real visita o Schalke 04, enquanto o Porto vai até Basileia encarar o Basel.

Dei meus palpites para os jogos em dezembro e não vejo muitas possibilidades para surpresas nesta etapa. Todas as equipes foram às compras e se reforçaram. mas ainda vejo Chelsea, Bayern, Real, Porto, Barcelona, Borussia, Atlético de Madrid e Arsenal indo às quartas. A Alemanha é o país com maior número de representantes nas oitavas (Bayern, Borussia, Schalke e Bayer) mostrando que o futebol do país continua em alta apesar do evidente desequilíbrio na Bundesliga.

Fico feliz em saber que os times, em geral, estão menos pragmáticos em relação a anos anteriores. Até mesmo José Mourinho e Carlo Ancelotti, que eram conhecidos pela equipes estritamente defensivas, estão apostando em meios-de-campo mais criativos e fazendo suas equipes agradar em campo. O futebol agradece.

Outro grande barato da Champions League é que a competição raramente tem um favorito. A maioria dos campeonatos europeus tem dois ou três times que se candidatam aos troféus (em sua maioria, clubes com maior poder aquisitivo) enquanto as demais fazem apenas figuração. A Champions, por reunir os maiores times da Europa, é um campeonato bem menos previsível e só o dinheiro não basta para montar um time campeão. Dos times pertencentes a magnatas, por enquanto, apenas o Chelsea conseguiu um título, em 2012.

Como as partidas serão realizadas no esquema de mata-mata, os jogos podem ter resultados totalmente imprevisíveis. Li há pouco tempo o livro Os Números do Jogo (Chris Anderson e David Sally, Editora Paralela) e os autores não conseguiram explicar como o Chelsea, com um time tecnicamente mais fraco, conseguiu superar o Barcelona e o Bayern em 2012. Será que algum azarão fica com um troféu em 2015?

Os jogos desta semana serão realizados às 17:45h (horário de Brasília) e serão exibidos pelos canais Band, Esporte Interativo e ESPN. Se você estiver de bobeira neste final de feriado, não deixe de conferir as partidas para animar sua semana!

Boa sorte às equipes, em especial, àquelas que jogam um bom futebol.



Imagem extraída do Facebook oficial do Real Madrid- https://www.facebook.com/RealMadrid



PERIGO ARGENTINO

As derrotas do Sada/Cruzeiro e do Funvic/Taubaté para UPCN Vóley e Lomas de Zamora, respectivamente, deixaram evidente a força do voleibol argentino no último Sul Americano Masculino. É verdade que os rivais tiveram o fator torcida a favor -a competição foi realizada em Buenos Aires- mas ficou evidente que os argentinos estão jogando melhor e podem surpreender nas próximas competições, incluindo a seleção do país.



NADAL DÁ O EXEMPLO

Impressionante a simpatia e humildade do tenista espanhol Rafael Nadal. O jogador, que atualmente ocupa a terceira posição do ranking da ATP, veio ao Brasil jogar o Aberto do Rio de Janeiro, aproveitou para cair no samba junto com o nosso Gustavo Kuerten e esbanja simplicidade fora das quadras. Outro tenista que esteve há algum tempo atrás no Brasil e também esbanjou carisma e humildade, foi o sérvio Novak Djokovic (ou "Đoković"), atual número 1 do ranking. Por outro lado, o esporte está cheio de pessoas prepotentes e que adoram esnobar os fãs, justamente aqueles que são parte fundamental para a carreira dos atletas em muitos sentidos.  Como eu gostaria que houvessem mais esportistas como Nadal e Djokovic. E olha que o tênis é considerado um "esporte de elite", mas seus praticantes esbanjam simplicidade.


O Segundo Degrau para a América

Imagem extraída de https://www.facebook.com/SanLorenzo/



Começa hoje a Copa Libertadores da América 2015 "propriamente dita". Às exceções do chileno Palestino e do venezuelano Deportivo Táchira, não tivemos grandes surpresas nos playoffs. Destaque para o Corinthians e para o Huracán, que fizeram bonito em suas partidas de ida e golearam seus rivais.

Trinta e dois clubes da América do Sul e do México disputarão a taça que dá ao seu detentor o direito de disputar o Mundial de Clubes da FIFA, exceto aos times mexicanos, que pertencem a outra confederação.

Farei uma breve análise dos grupos e palpitarei os dois favoritos de cada chave para avançar às oitavas. Será que o seu time favorito tem chances de ir para o mata-mata?



GRUPO A: Atlético Mineiro (Brasil), Santa Fe (Colômbia), Colo-Colo (Chile) e Atlas (México) 

Embora não pareça, este grupo é bastante equilibrado, com quatro equipes que jogam um bom futebol e que contam com boas opções no elenco. Os chilenos são os adversários mais temidos deste grupo por contarem com muitos atletas experientes e/ou com qualidade técnica (Suazo, Beausejour, Paredes, Maldonado, Fierro e Villar). Não chega a ser exagero indicar os Caciques como favoritos ao troféu. O Galo perdeu seu principal jogador, Diego Tardelli, mas manteve o restante a base e tem tudo para brigar com o Colo-Colo pela ponta do grupo.

Palpite: passam o Atlético-MG (1º) e o Colo-Colo (2º)


GRUPO B: San Lorenzo (Argentina), São Paulo (Brasil), Danubio (Uruguai) e Corinthians (Brasil)

Este grupo foi descrito como "grupo da morte" por ter três campeões -San Lorenzo, São Paulo e Corinthians. Não é bem assim, afinal o time argentino perdeu muito de suas forças a ponto de tomar sufoco para uma equipe amadora no Mundial de Clubes do ano passado. Corinthians e São Paulo devem se classificar para a segunda fase. Não consigo dizer quem fica com a ponta do grupo uma vez que os elencos se equivalem sob o ponto de vista técnico, mas pode pesar a experiência de Tite, que tem uma Libertadores (pelo próprio Corinthians em 2012) e uma Sulamericana (pelo Internacional em 2008). O Danubio é o azarão da chave.

Palpite: passam o Corinthians (1º) e o São Paulo (2º)


GRUPO C: Cruzeiro (Brasil), Mineros (Venezuela), Universitario (Bolívia) e Huracán (Argentina)

O Cruzeiro perdeu muito de suas forças após a saída de tantos titulares, mas deve avançar fácil para a próxima fase uma vez que as demais equipes não tem muitos jogadores de destaque nem tradição na competição. O Huracán deve ficar com a outra vaga: a boa exibição nos playoffs deixou boa impressão de que esta equipe pode surpreender.

Palpite: passam o Cruzeiro (1º) e o Huracán (2º)


GRUPO D: Emelec (Equador), Internacional (Brasil), Universidad de Chile (Chile) e The Strongest (Bolívia)

Outro grupo bastante equilibrado com três times tendo possibilidades reais de avançar à próxima fase, o Emelec, o Inter e La U. O Emelec conta com muitos jogadores com passagens pela seleção do país (Guagua, Bagüí e Achilier) e este pode ser o diferencial para a equipe avançar. A Universidad de Chile, por outro lado, perdeu muito de suas forças em relação àquela equipe que faturou o Sulamericano de 2011, mas ainda tem boas opções, como Herrera, Lorenzetti, Rojas e Maxi Rodríguez (aquele uruguaio que, injustamente, foi pouco aproveitado no Grêmio). O Inter manteve a boa base do ano passado e pode se valer do entrosamento, mas não pode vacilar, pois o grupo é complicado.

Palpite: passam o Emelec (1º) e o Internacional (2º)


GRUPO E: Zamora (Venezuela), Boca Juniors (Argentina), Montevideo Wanderers (Uruguai) e Palestino (Chile)

O Boca deu sorte e caiu em um grupo sem rivais de peso. Ainda bem pois o futebol xeneize está mais agradável do que nunca, com muito toque de bola, jogadores de bom nível técnico e alguns bons destaques (Lodeiro, Fuenzalida, Burdisso, Gago e Orión). Das outras equipes, não sei que avança, mas palpitaria o Wanderers, uma vez que os uruguaios sabem jogar com o regulamento.

Palpite: passam o Boca (1º) e o Wanderers (2º)


GRUPO F: River Plate (Argentina), Juan Aurich (Peru), San José (Bolívia) e Tigres (México)

River e Tigres vão fazer uma briga interessante pela ponta, com vantagem para os argentinos, que jogam um futebol agradável (embora, um pouco faltoso) e com boas opções, como Teo Gutiérrez, Balanta, Cavenaghi, Funes Mori e Giovanni Simeone. Os Millonarios ainda entram embalados com os títulos recentes (Copa Sulamericana, Recopa Sulamericana e Clausura). O Tigres conta com muitos jogadores conhecidos, como Sóbis, Guerrón, Arévalo e Juninho (ex-zagueiro do Botafogo). As demais equipes devem vir apenas a passeio, mas podem atrapalhar os favoritos com o fator altitude.

Palpite: passam o River (1º) e o Tigres (2º)


GRUPO G: Atlético Nacional (Colômbia), Barcelona (Equador), Libertad (Paraguai) e Estudiantes (Argentina)

O Atlético tem ligeira vantagem por jogar um futebol mais agradável e ofensivo. O Estudiantes está um pouco abaixo, mas conta com jogadores experientes (Desábato, Prediger, Germán Ré e Aguirregaray) que podem fazer a diferença em campo. O Libertad pode arrancar a segunda vaga jogando pelo regulamento, enquanto o Barcelona é azarão, mas pode tirar alguns pontos dos rivais com o fator altitude.

Palpite: passam o Atlético (1º) e o Estudiantes (2º)


GRUPO H: Sporting Cristal (Peru), Racing (Argentina), Guaraní (Paraguai) e Deportivo Táchira (Venezuela)

Este aqui pode ser considerado o "grupo da vida", por contar com equipes de pouca tradição e com chances mais ou menos iguais de avançarem para a próxima fase. Eu apostaria no time argentino (que tem Sebastián Saja, Óscar Romero e Diego Milito) e no Guaraní (que pode jogar em função do regulamento). As demais equipes, contudo, não devem desanimar: elas também têm boas chances de se classificarem.

Palpite: passam o Racing (1º) e o Guaraní (2º)


Estou na torcida pelos times que jogam um bom futebol. Atlético-MG, Santa Fe, Colo-Colo, São Paulo, Corinthians, Cruzeiro, Internacional, Universidad de Chile, Boca Juniors, River Plate e Atlético Nacional têm a minha simpatia por jogarem um bom futebol e/ou contarem com bons jogadores. Me darei por satisfeito se alguma dessas equipes ficar com o troféu.

Boa sorte a todas as equipes, em especial, às que jogam um bom futebol. Tudo pelo futebol bonito e sem faltas.



Leia mais:


Fox Sports- página sobre a Libertadores: http://www.foxsports.com.br/futebol/americas/libertadores



segunda-feira, 16 de fevereiro de 2015

A Sérvia Não Pode Ser Serva

Imagem extraída do Facebook oficial do Chelsea- https://www.facebook.com/ChelseaFC



A Iugoslávia foi uma das grandes potências do futebol durante a chamada Guerra Fria, período que corresponde à segunda metade do Século XX. Era uma seleção com muitos jogadores talentosos e grande potencial ofensivo. Seu futebol era tão bonito e ofensivo que os iugoslavos receberam o simpático apelido de "brasileiros da Europa". Embora nunca tenha conquistado títulos, a Seleção Iugoslava tinha um currículo de respeito, com um 4º lugar (1962) em Copas do Mundo e dois vices-campeonatos (1960 e 1968) em Eurocopas.

Com o fim da Guerra Fria, cada um dos países que formavam a antiga Iugoslávia tomou seu próprio rumo. Bósnia-Herzegovina, Croácia, Eslovênia, Macedônia, Montenegro e Sérvia montaram suas próprias seleções e foram à luta. Algumas destas equipes tiveram maior destaque por contarem com mais atletas de renome e por jogarem um melhor futebol, enquanto outras sequer conseguiram disputar campeonatos continentais como nações independentes.

A Sérvia vem há algum tempo tentando recuperar seus dias de glória dos tempos em que fazia parte da Iugoslávia. O seu melhor desempenho até o momento, no entanto, ainda não foi nada melhor do que uma participação na Copa de 2010, quando conseguiu arrancar uma vitória da poderosa Alemanha mas terminou na lanterna de seu grupo. Os sérvios ainda não conseguiram participar da Eurocopa como uma nação independente.



Imagem extraída do Facebook oficial do Manchester City-
https://www.facebook.com/mcfcofficial



O que falta para que a Sérvia consiga participar com mais frequência de Eurocopas ou Copas do Mundo? O que deu certo nas vizinhas Croácia, Eslovênia e, mais recentemente, Bósnia-Herzegovina?

Simples. A Sérvia precisa de mais bons jogadores. Mais do que isso: esses bons atletas precisam se destacar nas melhores times das melhores ligas do mundo de modo que suas habilidades sejam desenvolvidas e aprimoradas. Somente com muitos minutos jogados e atuando ao lado de outros craques o atleta consegue melhorar seu nível técnico e ajudar a sua seleção. E não pode ser um único atleta: como o futebol é um jogo coletivo, são necessários muitos jogadores bons para que uma seleção consiga emplacar. Do contrário, Goran Pandev (Macedônia) e Mirko Vučinić (Montenegro) teriam carregado suas respetivas seleções nas costas.

Para a felicidade do país balcânico, há uma boa geração de atletas sérvios se destacando na Europa (em especial, na Inglaterra, Itália e Alemanha), com jogadores funcionais em todas as posições e com um razoável potencial para surpreender neste ciclo.

Atletas como os laterais Branislav Ivanović (Chelsea) e Aleksandar Kolarov (Manchester City), os zagueiros Neven Subotić (Borussia Dortmund), Nenad Tomović (Fiorentina) e Milan Biševac (Lyon), e os meio-campistas Nemanja Matić (Chelsea), Dušan Tadić (Southampton) e Adem Ljajić (Roma) vem participando com frequência de seus respectivos times e desfrutam da boa fase de suas equipes. Seus desempenhos podem vir a se refletir em partidas futuras da Sérvia. Vale mencionar, ainda, os muitos sérvios que defendem ou defenderam o português Benfica, como o já citado meio-campista Matić (hoje no Chelsea) o ala Lazar Marković (atualmente no Liverpool), o volante Ljubomir Fejsa e o winger Miralem Sulejmani (estes dois últimos, ainda a serviço dos Encarnados). Pena que o melhor jogador do país, o zagueiro Nemanja Vidić (ídolo do Manchester United e hoje na Internazionale) anunciou sua aposentadoria da seleção em 2012, após o fracasso na campanha para a Eurocopa daquele ano.



Imagem extraída do Facebook oficial de Neven Subotić- https://www.facebook.com/Subotic4/



O caminho para que a Sérvia chegue à Euro 2016, em teoria, não é muito complexo. Os Orlovi dividem a chave com Dinamarca, Portugal, Albânia e Armênia. Os dinamarqueses não possuem mais a força de seus tempos de "Dinamáquina" dos anos 80 (o treinador é o craque Morten Olsen, zagueiro daquele timaço) e a Seleção das Quinas vem apresentando desempenho irregular apesar de ter bons jogadores (Ronaldo, Moutinho e Nani). Albânia e Armênia, por enquanto, não têm tradição no futebol. Boas chances, portanto, para os sérvios conseguirem sua primeira participação em Eurocopas como nação independente.

Problemas? Os jogadores mencionados mostraram-se bons em seus respectivos clubes, mas ainda nem todos brilharam na seleção de seu país. Muitos até participaram das Eliminatórias para a última Copa do Mundo, mas alguns ainda estavam "verdes" demais para representarem seu país. Outro detalhe é que um time cheio de estrelas nem sempre dá liga e o treinador precisa trabalhar bem a cabeça de seus jogadores para evitar possíveis briga de ego no elenco. Por fim, a Sérvia é um time que sempre se destacou pela qualidade de seus defensores, mas sempre apresentou pouca qualidade do meio-de-campo para a frente. Hoje a equipe conta com mais meias velozes e/ou com saída de bola, mas isso ainda é uma novidade nos Orlovi e a equipe terá de aprender a ousar se quiser dar um passo adiante.

Acho que não falta qualidade técnica na Sérvia. falta apenas a equipe sair de sua zona de conforto e ter apetite em campo para superar os rivais. Quem sabe, os sérvios não nos surpreendem neste ciclo com mais ofensividade e futebol bonito.



Imagem extraída do Facebook oficial do Southampton-
https://www.facebook.com/southamptonfc



VERDÃO AINDA NÃO CONVENCE

O Palmeiras, até o momento, não derrotou nenhum adversário de peso -perdeu por 1x0 da Ponte Preta e do Corinthians- e ainda sofreu para superar o São Bento de Sorocaba no último sábado. É verdade que ainda estamos no começo da temporada, mas para um time que fez tantos investimentos e conta com tantas boas opções no elenco (Mouche, Valdívia, Arouca, Zé Roberto, Cleiton Xavier, Maikon Leite e Tobio), eu esperava algo melhor do Verdão.



CRISE? QUE CRISE?

Quase todo dia eu leio notas afirmando a presença de problemas no Real Madrid. Sequência de derrotas em janeiro, lesões no elenco, vaias a Ronaldo, ... Todo time apresenta oscilações, mas muitos veículos de imprensa estão exagerando na dimensão das notícias e fazendo parecer que o Real está a beira de um colapso. Como um time pode estar em crise se está na liderança do Campeonato Espanhol, jogando um bom futebol e com um clima aparentemente bom no elenco? Ah! E a derrota por 4x0 para o vizinho Atlético se deveu muito aos desfalques do time merengue.



CADÊ O VÔLEI?

Não acredito que NENHUMA emissora brasileira transmitiu a final do Sul-Americano Masculino de vôlei entre Sada/Cruzeiro e UPCN Vóley. Não adianta dizer que nosso vôlei é esperança de medalha se as emissoras não dão a atenção devida à modalidade. Quando os jogadores conquistam os troféus, a mídia vai lá, diz que sempre acreditou nos atletas, que sempre apoiou o vôlei brasileiro... Tô vendo. É um belo apoio mesmo.


domingo, 15 de fevereiro de 2015

Equilíbrio Distante

Imagem extraída do Facebook oficial do São Paulo- https://www.facebook.com/saopaulofc



Teve são-paulino comemorando quando o winger Osvaldo (foto acima) e o lateral Álvaro Pereira (foto abaixo) deixaram o Morumbi. Muitos torcedores ainda tinham em mente a imagem daquele Osvaldo de 2013, que apresentou rendimento pífio e ficou mais de um ano sem balançar as redes. Com Álvaro, a rejeição foi menor, mas o rendimento do uruguaio havia caído no segundo semestre do ano passado por "algum motivo".

Eu posso dizer que o torcedor teve lá suas razões para cobrar melhores rendimentos da dupla, mas acho que a maioria das críticas aos atletas foram injustas. Tanto Osvaldo quanto Álvaro poderiam contribuir muito mais em campo e mereciam mais chances no São Paulo.

Começando com Osvaldo: o atleta nascido no Ceará não é atacante, e sim winger -aqueles jogadores velocistas que atuam abertos pelas pontas e alternam as funções de marcadores ou armadores. O cearense ficou um tempo sem fazer gols, mas ele ajudou s outros atletas a balançar as redes graças a precisão de seus cruzamentos. Basta olhar as estatísticas de 2014 e notamos que o ex-camisa 17 foi líder de assistências no clube e um dos melhores no Brasileirão nesse quesito. Isso sem falar que Osvaldo também ajudava nos aspectos defensivos.

A cobertura que Osvaldo proporcionava, permitia que Álvaro Pereira subisse para o ataque e ajudasse o cearense pela esquerda, sem deixar aquele lado desprotegido. Álvaro e Osvaldo se completavam pela esquerda, seja nos aspectos defensivos, seja nos aspectos ofensivos.



São Paulo no Paulistão 2014: no destaque, Osvaldo e Álvaro
Pereira  se ajudavam de forma mútua pelo lado esquerdo, tanto
na defesa, quanto no ataque (obtido via this11.com). 



Com as vindas de Pato, Alan Kardec e Kaká, o treinador Muricy Ramalho mudou o esquema de 4-2-3-1 para 4-2-2-2. Osvaldo voltou para o banco de reservas no processo e Álvaro, que estava em alta no time, permaneceu. No entanto, sem a cobertura do cearense, o uruguaio tinha menos liberdade para subir ao ataque e ainda tinha mais trabalho para negar os espaços aos rivais. Desta forma, Álvaro sofria mais com as infiltrações dos adversários pelo seu lado e era obrigado a cometer mais faltas.



São Paulo na segunda metade do Brasileirão 2014: sem a
cobertura de Osvaldo, Álvaro Pereira tem menos liberdade para
subir ao ataque e precisa cometer mais faltas para evitar as
infiltrações rivais. Não a toa, o rendimento do uruguaio caiu
no segundo semestre (obtido via this11.com).



Como nós brasileiros somos muito apressados e queremos sempre resultados a curto prazo, não percebemos como havia esse sinergismo entre Osvaldo e Álvaro. Da mesma forma, poucos notaram que a queda de rendimento do uruguaio se deveu à saída do cearense. Michel Bastos, que deveria fazer a função de Osvaldo, não era titular absoluto por disputar posição com Kaká e, por vezes, era escalado na vaga de Álvaro. Era o fim daquele equilíbrio pelo lado esquerdo.

É uma pena que Osvaldo e Álvaro tenham saído do Morumbi sem deixar muitas saudades. O Osvaldo é jogador de bola e o Álvaro, apesar de ser mais raça do que técnica, tinha recursos para ajudar o time. A impaciência de alguns privou a dupla de ajudar o Tricolor em campo.



Imagem extraída do Facebook oficial do São Paulo- https://www.facebook.com/saopaulofc



TIKI-TAKA TRICOLOR

A escalação do São Paulo na teoria (à esquerda) e na prática (à direita)-imagens obtida via this11.com.

Assisti ao jogo do São Paulo contra o Bragantino e gostei muito do desempenho do meio-de-campo tricolor, com Boschilia, Maicon, Centurión, Hudson e Thiago Mendes. A equipe mista atuou com muita leveza, envolveu o Braga com sua troca de passes e massacrou os donos da casa por 5x0. Os atletas do Bragantino foram se enervando com o espetáculo tricolor e os mandantes começaram a apelar para as faltas -o meia Caio acabou expulso e matou qualquer possibilidade de reação. Tudo bem que o rival era fraco, mas o jogo mostrou claramente como Muricy evoluiu de 2009 pra cá, abandonando o feio futebol de resultados e adotando um jogo mais agradável de se ver. Parabéns ao time e ao treinador pela mudança! Espero ver mais exibições assim no decorrer do ano.



SHOW DE GOLS NA ALEMANHA

A Bundesliga tem seus problemas, mas tivemos três grandes jogos na última rodada, repletos de gols e bom futebol. Na sexta-feira, o meu Borussia Dortmund derrotou o Mainz de virada e saiu da zona de rebaixamento após vencer por 4x2 -Marco Reus fez dois gols. Ontem, o todo-poderoso Bayern trucidou o Hamburger/Hamburgo por 8x0, com os craques Götze, Müller e Robben deixando suas marcas duas vezes. Ainda no sábado, o Wolfsburg e o Bayer Leverkusen fizeram um jogo espetacular de nove gols na Bay Arena, com vitória para os Lobos por 5x4. O sul-coreano Heung-Min Son (do Bayer) e o holandês Bas Dost (do Wolfsburg) foram os goleadores do jogo, com 3 e 4 tentos, respectivamente. Se você não viu os jogos, vale a pena dar uma espiada nos melhores momentos no site da ESPN!