segunda-feira, 30 de junho de 2014

Sangue, Suor e Lágrimas

Imagem extraída de https://www.facebook.com/DFBTeam


A Copa do Mundo sofreu muitas críticas, mas a qualidade dos jogos é totalmente inquestionável. Temos goleadas, futebol bonito, duelos táticos e partidas emocionantes como este Alemanha x Argélia, talvez a partida mais dramática e disputada até o momento.

A Alemanha entrou em campo com seu "estranho e eficiente" 4-2-3-1 para valorizar a posse da bola, enquanto a Argélia, também escalada em 4-2-3-1 alternando com 3-4-3, utilizou as táticas "anti-Barcelona" para anular a Mannschaft. Mais do que isso: as Raposas-do-Deserto, embora tenham criado suas melhores chances no contra-ataque, atuaram sem rifar a bola, efetuaram alguns belos dribles e foram bastante leais ao cometerem pouquíssimas faltas. Os argelinos, mesmo adotando uma postura estritamente defensiva em campo, não tiveram medo dos alemães e lutaram de igual para igual.


Alemanha no 4-2-3-1 adianta a marcação e ocupa o campo de
ataque para trocar passes, mas esbarra na superioridade numérica
dos argelinos. Argélia alterna 4-2-3-1 com 3-4-3 (dependendo do
posicionamento dos laterais e do volante Mostefa) e articula
contra-golpes velozes pelas pontas, principalmente com Soudani.
Neuer, adiantado, sai jogando com os pés e faz muitos desarmes
mesmo de fora da área (obtido via this11.com).


O treinador Joachim Löw volta no segundo tempo com uma equipe mais vertical, tendo Schürrle como referência na área (embora ele tenha, na prática, atuado muito mais como "falso nove"), Lahm de volta à lateral-direita na vaga do lesionado Mustafi, e Khedira fazendo dupla com Schweinsteiger no meio. Aparentemente satisfeito com o desempenho de sua equipe, o treinador Vahid Halilhodžić não altera sua equipe nem seu estilo de jogo -sai apenas o exausto Saphir Taïder ao final da segunda etapa para dar lugar a Yacine Brahimi.


Mais vertical, Alemanha leva mais perigo ao gol de M'Bolhi.
Argélia insiste nas armas "anti-Barcelona" ao lotar o campo
de defesa e adiantar a marcação com Soudani, Slimani e Feghouli.
Neuer, quase como um "líbero", continua saindo da área
e fazendo desarmes (obtido via this11.com).


Toda a garra e valentia da Argélia teve um preço: a equipe africana se desgastou muito mais fisicamente ao se movimentar com intensidade nos 90 minutos iniciais. Com isso, as Raposas-do-Deserto não tiveram pernas na prorrogação, enquanto a Alemanha, que passou a maior parte do tempo trocando passes, conservou sua energia e teve mais fôlego no tempo extra.

Um ataque surpresa protagonizado por Müller e Schürrle, enfim, fez a forte defesa argelina ceder. A exaustão da Argélia era evidente e a Alemanha passou a encurralar os africanos ao adiantar sua marcação. Veio o segundo gol alemão, mas Djabou achou um gol para a Argélia segundos depois do tento de Özil.


Exaustos, os argelinos foram superados pela Alemanha  e ainda
se deixaram encurralar pelos rivais. Mas, em um pequeno descuido
de Lahm pela direita, Djabou fez o gol que deu sobrevida às
esgotadas Raposas-do-Deserto, porém não houve tempo para
iniciar uma reação (imagem obtida via this11.com).


O gol de Djabou animou a Argélia e as Raposas-do-Deserto tiraram do fundo do coração as energias que seus corpos não mais possuíam, mas não houve mais tempo para buscar um empate. Desolados, os jogadores argelinos desabaram em campo. O treinador Vahid Halilhodžić não segurou as lágrimas e foi abraçado por todo seu elenco. Mesmo com tantos problemas, o técnico teve o seu trabalho e esforço reconhecidos, recebendo o merecido carinho do elenco e do público presente.

Estou muito satisfeito com a classificação da Alemanha e seu magnífico futebol, mas tiro meu chapéu a Vahid Halilhodžić e seus comandados. Eles foram leais, valentes e jogaram defensivamente sem serem pragmáticos. Pena que apenas um tem o direito de avançar no mata-mata.

Nenhuma das duas equipes merecia ter perdido.


Imagem extraída de https://www.facebook.com/fifaworldcup

domingo, 29 de junho de 2014

O Davi que Derrubou Quatro Golias

Imagem extraída de https://www.facebook.com/fifaworldcup


Quem imaginava que a humilde Costa Rica pudesse superar três campeões mundiais (Uruguai, Itália e Inglaterra)? Os Ticos eram tidos como a seleção mais fraca de sua chave e, mesmo assim, terminaram na ponta com sobras. O segredo? Sabem diferenciar "respeito" de "medo". Eles têm plena consciência de que jamais irão a lugar algum enquanto sentirem medo de seus rivais. E assim fizeram em seus três primeiros jogos.

A Grécia não tem os títulos mundiais de Itália, Uruguai ou Inglaterra, mas impõe algum respeito pelo seu título na Euro 2004, conquistado sobre Portugal que na época era dirigido por Felipão. Mas os costarriquenhos não quiseram saber quantos títulos os gregos possuiam e os enfrentaram mantendo a mesma atitude das três primeiras partidas. Teoricamente, era um rival mais fácil que os três primeiros, embora os Ticos tenham sido um pouco mais cautelosos em função da regra das oitavas, onde quem perde cai fora.


Os dois times no 4-2-3-1. Primeiro tempo equilibrado.
Grécia com mais força, Costa Rica mais veloz e técnica
(imagem obtida via this11.com).


Os Ticos abriram o placar no começo do segundo tempo, mas perderam Duarte, expulso. Com um jogador a mais, a Grécia colocou mais atacantes em campo e apertou os costarriquenhos até conseguirem o gol de empate com Sokratis. O goleiro Navas mostrou em campo porque foi eleito o melhor da Espanha em 2013-14, fazendo muitos milagres durante toda a segunda etapa e também durante a prorrogação.


Com Duarte expulso, praticamente só Campbell ficou no campo de
ataque. Os demais costarriquenhos tentavam a qualquer custo
segurar o resultado. Deu certo até os acréscimos do segundo tempo,
quando Sokratis fez o gol salvador da Grécia (obtido via this11.com).


A indecisão se manteve durante a prorrogação e também nos pênaltis, até que a estrela de Keylor Navas brilhou novamente na cobrança de Gekas. A Costa Rica derruba mais um "Golias" e já se consagra como uma das grandes surpresas da Copa 2014.

Não gosto do futebol grego, mas também não posso deixar de parabenizá-los pelo esforço dentro de campo. Eles também eram a seleção mais fraca de sua chave e conseguiram um verdadeiro milagre diante da Costa do Marfim, que era bem mais time do que a Grécia.

Os Ticos já fizeram história como a melhor seleção da América Central em copas do mundo. Até onde podem chegar? Poderão fazer frente à Holanda? Mais um gigante pode cair nas quartas pelas mãos dos costarriquenhos?

A Holanda Ensinou Uma Lição Aos Retranqueiros

Imagem extraída do Facebook oficial do Bayern München- https://www.facebook.com/FCBayern


Que me desculpem os mexicanos, mas celebrei com gosto a classificação da ofensiva Holanda e a eliminação do acomodado México. Nada contra La Verde, mas minha torcida é sempre para os times mais ofensivos e/ou que joguem um bom futebol. A Oranje, ciente de seus problemas defensivos, buscou jogo o tempo todo para compensar e não deixou de tentar mesmo após sofrer o gol de Giovani dos Santos logo no começo do segundo tempo.

O treinador Louis Van Gaal foi obrigado a queimar uma alteração logo de cara quando Nigel De Jong sentiu uma lesão e colocou Bruno Martins Indi -aquele que havia sofrido um traumatismo craniano leve contra a Austrália. Sem o volante, a Holanda criou mais mas ficou ainda mais exposta aos contra-golpes mexicanos.


Sem De Jong, machucado, Louis Van Gaal optou por jogar sem
volantes para pressionar a forte defesa mexicana, mas ofereceu
espaços para Guardado e Giovani contra-atacarem à vontade
(imagem obtida via this11.com).


O segundo tempo começou com o México fazendo um gol relâmpago na Holanda. Tudo levava a crer que La Verde chegaria a uma inédita quarta-de-final. Mas...


Surpresa! Após rápida troca de passe, Giovani dos Santos achou
um buraco na já frágil zaga holandesa e fuzilou Cillessen logo no
começo da segunda etapa (obtido via this11.com).


O México tinha o resultado em mãos, mas o treinador Miguel Herrera cometeu um erro que se tornaria mortal: o técnico recuou todo o time e ofereceu espaço para a Holanda jogar. Os mexicanos lotaram o campo de defesa e tentaram abafar os avanços holandeses.

O treinador Van Gaal, mais uma vez, usou o que sua equipe tinha de melhor para buscar a virada: o ataque. Toque de bola, chuveirinhos, bolas paradas, jogadas individuais, ... A Oranje foi encurralando o México que, esporadicamente, criava algum contra-ataque, mas sem efeito.

O castigo para os mexicanos veio durante os dez minutos finais, quando Arjen Robben cobrou escanteio que gerou rebote devidamente aproveitado pelo até então apagado Sneijder. Minutos depois, Robben sofreu o pênalti (duvidoso) que Klaas-Jan Huntelaar converteu para sacramentar a virada e a classificação dos holandeses.


A pressão holandesa fez o México pagar pela covardia.
Robben, o mais proativo do grupo, buscou jogo o tempo todo,
chamou a responsabilidade nas bolas paradas e sofreu o pênalti
que decretou a virada da Oranje (obtido via this11.com).


Comemorei, e muito, o gol de Huntelaar. Seria um grande desfavor ao futebol ver uma equipe retranqueira como o México eliminar a ofensiva Holanda. Já lamentei ver a ofensiva Croácia sucumbir diante da retranca mexicana. Seria triste ver mais uma equipe que quis jogo o tempo todo parar diante de um rival que abriu mão da criação de oportunidades em favor da "eficiência".

Apenas lamento que o México joga sem rifar a bola, sabe atacar e conta com jogadores de bola, dos quais destaco aqui o meia Guardado e o atacante Giovani dos Santos. O treinador, no entanto, optou por jogar com o regulamento embaixo do braço ao invés de aproveitar todo o potencial de sua equipe e foi merecidamente punido pelo ataque holandês.

Bato palmas para atitude do treinador Louis Van Gaal que, mais uma vez, teve ousadia nas substituições e não abriu mão do ataque. Robben, que tentou motivar o time buscando jogo o tempo todo, também merece elogios pelas suas ações em campo.

Que haja mais times com a mentalidade desta Holanda. Chega de times que só ganham na "eficiência".

sábado, 28 de junho de 2014

Aprendendo com os Vizinhos

Imagem extraída de https://www.facebook.com/SeleccionUruguayadeFutbol


O Brasil jogou muito mal hoje a despeito de ter conseguido sua vaga para as quartas-de-final, mas pode utilizar a partida entre Colômbia e Uruguai para sanar alguns de seus problemas.

Começando pelos Cafeteros: trata-se de uma equipe muito bem organizada, com jogo coletivo, leve, ofensivo sem, contudo, perder a eficiência defensiva. Armada em um 4-4-2 bem ortodoxo (linha de quatro na zaga, dois volantes centralizados, dois meias abertos e dois atacantes), a Colômbia consegue fazer a bola chegar rapidamente aos seus atacantes e os jogadores se posicionam de tal forma que podem voltar rapidamente para fecharem os espaços caso percam a bola. E eles cometem pouquíssimas faltas.

A Celeste, por outro lado, é uma seleção pouquíssimo organizada, articula suas jogadas na base da correria, atua muito mais na raça do que estratégia, tem um meio-de-campo pouco criativo e é dependente demais de seus craques, Suárez e Cavani. Sem Luisito, suspenso pela mordida em Chiellini, o Uruguai perdeu um de seus alicerces e praticamente não incomodou a Colômbia.

Foi impossível não lembrar dos quatro últimos jogos do Brasil ao ver o vizinho Uruguai jogar. Nossa Seleção está atuando de maneira desorganizada e ainda jogamos toda a responsabilidade nas costas de Neymar. E se o ex-menino da Vila se lesionar ou for suspenso, assim como aconteceu com Suárez? Vamos perder a copa simplesmente porque o principal jogador não entrou em campo?


O 4-4-2 colombiano "encaixa" o 4-3-3 "falso nove" uruguaio e
ainda permite que James e Cuadrado avancem, inutilizando a linha
de quatro defensores da Celeste. Sem Suárez e com um meio-de-
campo pouco criativo, Uruguai obriga os atacantes a virem buscar
a bola no campo de defesa (obtido via this11.com).


Outro grande problema do Uruguai: sem ter como articular jogadas, os laterais Maxi e Cáceres avançam para tentar ajudar. Péssima ideia, sabendo-se que os dois principais articuladores da Colômbia, James Rodríguez e Juan Cuadrado, atuam abertos e tudo o que eles precisavam para matar o jogo era que os laterais oferecessem espaço. E foi o que aconteceu.


Um gol no primeiro tempo e outro no segundo: James e Cuadrado,
além de sobrecarregarem a linha de quatro defensores do Uruguai,
aproveitam o desespero dos rivais para articular jogadas e ocupam
os vazios deixados pelos laterais (obtido via this11.com).


Mono Pereira, Pelado Cáceres e Palito são laterais que voltam para marcar e, mesmo assim, deixaram espaço suficiente para Cuadrado e James matarem o jogo. Imagine, então, o que a dupla de wingers colombianos poderia fazer nas costas de Dani Alves e Marcelo, que são pouco defensivos.

A Colômbia, além de ter um ataque eficiente, sofreu apenas dois gols em quatro jogos (um da Costa do Marfim e outro do Japão). Se o Brasil atuar como no jogo de hoje contra o Chile, dificilmente fará um gol e vai cair fácil diante dos Cafeteros. A Roja tinha uma defesa bastante vulnerável e só conseguimos superá-la uma vez com um gol contra de bola parada.

Felipão e seus comandados terão uma semana para acertarem o time. A Colômbia e um dos melhores times deste mundial, joga um futebol bonito, organizado e merecem muita atenção do Escrete Canarinho para que não transformem a nossa festa em uma tragédia.

Vencemos! Mas Até Quando?

Imagem extraída de https://www.facebook.com/CBF


O time do Brasil tem muito o que agradecer ao seu goleiro Júlio César. A zaga demonstrou muita insegurança durante a partida e o arqueiro foi obrigado a fazer grandes defesas com a bola rolando. E salvou as cobranças de Alexis Sánchez e Mauricio Pinilla, permitindo a classificação de nossa Selação.

O experiente goleiro salvou o dia, mas o Brasil teve bastante sorte no dia de hoje. O Chile estava muito melhor em campo, com seus jogadores se desdobrando para marcar e também para criar. A Roja teve mais posse de bola, apresentou mais organização em campo e teve bem mais chances de matar o jogo. Só pecaram por terem sido muito faltosos, mas temos de respeitar o futebol chileno, que combina posse de bola e muita garra.

O Brasil apresentou muitos problemas no meio-de-campo, justamente o setor em que o Chile se destaca. Talvez não tenha sido uma boa ideia mudar o esquema de 4-2-3-1 para 4-4-2, o que causou o esvaziamento do meio-de-campo e também o excesso de bolas longas vindas da zaga. Para completar, os chilenos tiraram proveito das subidas dos laterais.


Brasil no 4-4-2 esbarra na defesa chilena, que congestiona o
campo de defesa para roubar a bola e articular contra-golpes
(imagem obtida via this11.com).


Para não dizer que o Brasil foi só erros, a Seleção acertou ao jogar pelo alto e forçar os chilenos a atuarem nos chuveirinhos, pois os atletas do Chile são baixinhos e ótimos com a bola no chão, mas fracos no jogo aéreo.


Chile avança trocando passes, confundindo a marcação
brasileira e aproveitando os espaços deixados no meio-de-campo
e nas laterais (obtido via this11.com).


O Chile continuou dominando as ações no segundo tempo, salvo pelo gol anulado de Hulk e pela metade final, quando o Brasil chegou com mais perigo ao gol de Bravo, mas pecava nas finalizações mesmo pelo alto, quando poucos chilenos tinham condições de dividirem uma bola por cima. Isto, contudo, não impediu que os atacantes chilenos continuassem a chegar com perigo ao gol de Júlio César, incluindo uma paulada na trave efetuada por Pinilla.


Brasil sem ideias no meio-de-campo durante o segundo tempo
obriga os atacantes a buscarem a bola e os laterais a abandonarem
seus postos para servirem Jô. Chile continua trocando passes
no ataque e congestionando o campo de defesa para compensar
a falta de força ou de estatura de seus "baixinhos"
(imagem obtida via this11.com).


A prorrogação foi mais do mesmo com os atletas exaustos devido ao forte calor e aos 120 minutos de bola rolando. A indecisão persistiu e o jogo, inevitavelmente foi para os pênaltis. O nervosismo pesou dos dois lados, com direito a Willian e Gonzalo Jara errando suas cobranças.

O Brasil venceu, mas não podemos deixar de parabenizar os chilenos, cujo futebol combina toque de bola e dedicação. Eles, pelo volume de jogo apresentado, até mereciam avançar às quartas, mas prevaleceu o mando de campo.

Nossa Seleção merece parabéns pela classificação, mas isto não pode nos fazer esquecer dos problemas do Brasil. Nossos atletas erram muitos passes, criam pouco no meio-de-campo e os laterais oferecem muito espaço para os rivais jogar.

Tivemos sorte em muitos momentos, mas até quando ela estará a nosso lado?

sexta-feira, 27 de junho de 2014

Palpites para as Oitavas

Imagem extraída de https://www.facebook.com/fifaworldcup

Esta, sem dúvida, foi uma das copas mais imprevisíveis dos últimos anos com muitas zebras. Quem imaginava ver Espanha, Inglaterra, Itália e Portugal caindo fora logo na primeira fase? E qual a surpresa de vermos Costa Rica, Grécia, Estados Unidos e Argélia avançando a despeito de estarem enfrentando rivais de muito mais renome? As mencionadas seleções, inclusive, foram citadas por mim como as mais fracas de suas respectivas chaves.

Fiquei feliz com as seleções que jogam um bom futebol se classificando, como a Colômbia, Holanda, Chile, Alemanha e Argentina. Lamentei, contudo, que as truculentas Nigéria e Grécia e o retranqueiro México tenham sobrevivido. As vagas conquistadas por estes times estariam bem melhores nas mãos de outras seleções que eu já mencionei. O Uruguai é exceção por motivos que já expliquei.

E como vai ser o desempenhos dos times no mata-mata? Vamos a uma breve análise e aos meus palpites para os confrontos. Lembrando: agora quem perder cai fora e empate leva à prorrogação e depois pênaltis. Esse tipo de cenário sempre afeta psicologicamente as equipes, seja positivamente ou negativamente.


BRASIL X CHILE: o Brasil joga em casa, tem o apoio de sua torcida e possui alguns jogadores capazes de desequilibrar individualmente. O Chile, contudo, tem jogado sem medo dos rivais por mais tradicionais que sejam, compensam as deficiências na zaga com muita pressão (tanto no ataque quanto na marcação), possui meio-de-campo mais consistente e sabem atuar de maneira coletiva, algo que o Brasil não sabe. Não é exagero dizer que esta é a melhor geração chilena desde aquela de Marcelo Salas e Iván Zamorano. Nossa seleção pode, ainda, se sair melhor que os chilenos no aspecto físico (nossos jogadores são mais altos e fortes) e pelo histórico (já faz um bom tempo que o Chile não vence o Brasil e fomos os carrascos da Roja em 1998 e 2010).

Palpite: o Brasil passa, mas bem apertado.


COLÔMBIA X URUGUAI: com toda a honestidade, acho difícil o Uruguai superar a Colômbia, afinal a Celeste tem poucos craques, depende muito mais da raça do que da técnica e acabou de perder seu jogador mais importante, Luis Suárez. A Colômbia, por outro lado, tem muitos jogadores de bola e tem um time muito bem organizado, tanto no ataque quanto na defesa. O Uruguai, contudo, tem atletas mais experientes que os colombianos (inclusive com experiência em copas do mundo) e eles sabem utilizar o psicológico a seu favor.

Palpite: a Colômbia se classifica.


HOLANDA X MÉXICO: como todo respeito aos mexicanos, vou torcer de peito aberto para a Oranje, que joga no ataque, tem um futebol bonito e conta com um grande craque chamado Arjen Robben. A superioridade holandesa é notória sob o ponto de vista técnico. O México, contudo, pode levar vantagem se conseguir fazer seu sistema defensivo anular as principais peças da Holanda (Blind, Van Persie e Robben) e contra-atacar valendo-se a fraquíssima defesa holandesa. Chicharito, Giovani e Guardado poderão encontrar muitos espaços para fazerem contra-golpes em cima da zaga holandesa.

Palpite: a Holanda passa com folga.


COSTA RICA X GRÉCIA: eis um duelo bastante aberto. Nenhuma dessas seleções têm tradição em mundiais e aqui nenhum resultado pode ser considerado surpresa. A Costa Rica tem mais técnica, talento e ousadia, mas os gregos têm mais raça e jogadores com mais quilometragem. O aspecto psicológico vai pesar aqui, seja pela inexperiência dos garotos costarriquenhos, seja pela truculência dos gregos.

Palpite: a Costa Rica se classifica por um placar apertado.


FRANÇA X NIGÉRIA: difícil imaginar a França perdendo este duelo. Os Bleus, após superarem uma desconfiança inicial devido à campanha irregular, demonstraram força no ataque, criatividade no meio-de-campo (mesmo jogando com três volantes) e consistência defensiva. A Nigéria tem força e determinação, mas é um time muito irregular. Dois pequenos detalhes extra-campo que podem ajudar as Super Águias: o clima da Nigéria é semelhante ao nosso e o torcedor brasileiro tem muita simpatia com os africanos.

Palpite: a França se classifica com tranquilidade.


ALEMANHA X ARGÉLIA: a Alemanha leva vantagem, seja na tradição, seja no talento. E eles demonstram muita versatilidade, jogando no toque de bola ou na velocidade. A Argélia tem uma certa consistência defensiva por ter levado poucos gols e conta com o talento de Sofiane Feghouli, que clareia as jogadas para os atacantes, mas, com toda a honestidade, a Mannschaft é mais time.

Palpite: a Alemanha vence com sobras.


ARGENTINA X SUÍÇA: a zaga da Suíça não demonstrou a mesma eficiência de outrora, o que é boa notícia para os argentinos que podem se valer disso e golear, graças ao seu poderoso ataque. Mas a defesa argentina também está longe de ser segura e os suíços tem Xhaka, Shaqiri, Drmić e Seferović para incomodar a zaga Albiceleste. Mais um problema para Messi e seus amigos: o grande Sergio Agüero se lesionou e está praticamente fora do mundial. Sua ausência não deve ser preocupação contra a razoável Suíça, mas pode ser sentida contra os próximos adversários.

Palpite: a Argentina vence apertado.


BÉLGICA X ESTADOS UNIDOS: outro duelo aberto, mas os belgas levam vantagem por terem um elenco melhor e zagueiros mais seguros. Os norte-americanos são esforçados e aprenderam a jogar com a bola no chão, mas ainda não demonstram poder de decisão. Se o modus operandi da Bélgica se confirmar, os Estados Unidos têm de matar o jogo no primeiro tempo para avançar às quartas-de-final. Senão...

Palpite: a Bélgica se classifica por um placar apertado e de virada.


Concorda? Discorda? Escreva nos comentários!

A Seleção da Terceira Rodada

Imagem extraída do Facebook oficial de James Rodríguez- https://www.facebook.com/10Jamesrodriguez


Terceira rodada da fase de grupos é quase sempre a mesma coisa: como a maioria dos times já entra classificada, os treinadores colocam os reservas em campo e a temperatura dos jogos costuma ser morna. Assim eu pensava.

Para a minha felicidade, não faltaram bons jogos na terceira rodada. E muitos reservas, ansiosos por titularidade, aproveitaram para mostrar serviço.

Enquanto isso, nos jogos que ainda havia algo em disputa, não sobrou emoção para os espectadores.

A partida que mais me agradou foi a goleada que a Colômbia aplicou no Japão. E olha que os Cafeteros entraram com time misto e estão desfalcados de seu principal jogador, Facao García. Imagina se El Tigre tivesse vindo ao Brasil...

Por outro lado, alguns times pareciam não terem vontade de se classificar. Japão, Costa do Marfim, Irã e Itália poderiam ter sido melhores em campo. Bem melhores.

Sem mais delongas, vamos à seleção desta última rodada da fase de grupos (esquema 4-3-3).


GOLEIRO:

Alexander Domínguez (Equador): não conseguiu evitar a eliminação da Tricolor, mas fez grandes defesas e anulou até chutes à queima-roupa. Foi uma pena, pois se tivesse conseguido, teria sido o herói da classificação.


LATERAIS:

Jérôme Boateng (Alemanha): não vi nenhum norte-americano atacar pelo seu lado, o direito, e arriscou algumas subidas a despeito de ser zagueiro de origem.

Jan Vertonghen (Bélgica): ganha a menção de melhor lateral-esquerdo da rodada só por causa do gol da vitória em um cenário totalmente adverso, com um jogador a menos. Mas ainda oferece muito espaço para os rivais jogarem.


ZAGUEIROS:

Diego Godín (Uruguai): ganhou todas pelo alto quando a Itália veio para cima e ainda fez o gol da classificação celeste.

Rafael Márquez (México): anulou o forte ataque croata e ainda fez um gol.


VOLANTE:

Fernandinho (Brasil): mudou a cara do jogo contra Camarões ao dar vida a um meio-de-campo totalmente apático. Deu uma assistência e fez um gol.


MEIAS:

James Rodríguez (Colômbia): um golaço e duas assistências. Massacrou o Japão e fez toda a diferença em campo. Precisa dizer mais?

Juan Mata (Espanha): melhorou o meio-de-campo espanhol no segundo tempo e ainda fez o dele. Quando Xavi deixar a Furia, temos um aqui bom candidato à sucessão.


WINGERS:

Neymar (Brasil): foi o único que jogou alguma coisa durante o primeiro tempo contra Camarões e fez dois gols. Se não fosse por ele, os Leões Indomáveis é que estariam na frente.

Xherdan Shaqiri (Suíça): tudo bem que o adversário foi a fraquinha Honduras, mas o camisa 23 fez um hat-trick para ficar na memória do torcedor.


ATACANTE:

Lionel Messi (Argentina): praticamente, carregou sua seleção nas costas no jogo contra a Nigéria. Tanto que, quando foi substituído por Ricky, a Albiceleste deixou de produzir.


TREINADOR:

Vicente Del Bosque (Espanha): o fato de seu time ter perdido nas duas primeiras partidas não invalida o triunfo que ele teve sobre a já eliminada Austrália. Talvez, se tivesse feito as alterações feitas contra os Socceroos nos jogos anteriores, tivesse um desempenho melhor no mundial, em especial a escalação de Juan Mata. O jogo de despedida da Furia deste mundial mostra que ainda vale a pena acreditar, sim, no Tiki-Taka.


DESTAQUE DA RODADA:

James Rodríguez: craque. É o jogador que mais está me dando gosto de ver em campo neste mundial junto com Arjen Robben. Tem tudo para ganhar algum prêmio individual nesta copa.


A seleção da terceira rodada em minha opinião armada no
esquema 4-3-3 (imagem obtida via this11.com).

Economia de Energia?

Imagem extraída de https://www.facebook.com/BelgianRedDevils

Já está virando rotina. A Bélgica, apontada como candidata à surpresa pelos comentaristas, começa o jogo em marcha lenta, atua com pouca objetividade e ainda oferece "fortes emoções" ao seu torcedor, como o pênalti cometido por Jan Vertonghen no jogo de estréia contra a Argélia e a expulsão de Steven Defour na partida de ontem contra a Coréia do Sul -merecida, diga-se de passagem. De repente, os Diables Rouges engatam a segunda marcha, começam a atuar em velocidade e derrotam o adversário.

Estariam os belgas tentando forçar os rivais a correrem atrás da bola enquanto se poupam para os minutos finais? Faz sentido, afinal a Bélgica sempre cresce no segundo tempo, enquanto os adversários aparentam não terem mais pernas para disputarem a bola com os Diables Rouges.

Com a vaga assegurada, o treinado Marc Wilmots mandou uma equipe mista a campo. O modus operandi foi o mesmo das outras partidas: a Bélgica apenas cozinhando a partida durante o primeiro tempo enquanto os sul-coreanos, precisando da vitória, vieram para cima e foram perigosos a maior parte do primeiro tempo. Mais parecia que a invencibilidade belga iria acabar, afinal a Coréia do Sul estava melhor em campo e o volante Defour pisou na perna do atacante Shin-Wook. Eu, contudo, já imaginava que os Diables Rouges estavam escondendo alguma coisa...


Acho que já vi esse filme: Bélgica adianta marcação, ocupa o campo
de ataque e troca passes a esmo, levando pouco perigo ao gol de
Seung-Gyu. Coréia do Sul mais objetiva, aproveita os espaços
deixados pela defesa belga e testa o goleiro Courtois, mas peca
em muitas finalizações (obtido via this11.com).

Sabe o que aconteceu no segundo tempo? A monótona Bélgica voltou diferente do vestiário. Foi mais agressiva, efetuou tabelinhas mais efetivas e obrigou o goleiro Seung-Gyu a trabalhar mais. Em um desses trabalhos, o goleiro sul-coreano rebateu um chute de Origi e Vertonghen aproveitou para fazer o único gol do jogo. A Coréia do Sul tentou a todo custo buscar a vaga, mas não conseguiu vencer a agora desperta defesa belga, mesmo com a vantagem de estarem com um jogador a mais em campo.


Mesmo com um jogador a menos, a Bélgica apertou a Coréia do Sul,
conseguiu fazer a bola chegar até Origi e Vertonghen, vindo pela esquerda,
aproveitou o rebote para selar a vitória belga (obtido via this11.com).


Mesmo que a Coréia do Sul se sagrasse vencedora, não teria conseguido a vaga. Tudo porque a Argélia arrancou o empate contra a Rússia e ficaria um ponto acima dos Tigres Asiáticos. Isso sem falar no saldo de gols negativo imposto pela própria Raposa-do-Deserto.

Bem, confesso que este Grupo H me frustrou um pouco. Esperava mais da Bélgica, cujos jogadores eram alardeados como possíveis surpresas no campeonato, mas vi apenas lampejos a despeito do grupo ser considerado "fácil". Mas é bem possível que eles estejam se poupando para os jogos decisivos. A própria Espanha sempre começava seus campeonatos jogando um futebol morno e depois derrotava todos os adversários sem grandes dificuldades.

A Rússia foi minha maior decepção. Esperava ver mais leveza e futebol coletivo, como naquele amistoso contra o Brasil, mas os russos jogaram um futebol pesado e pouco criativo.

A Coréia do Sul, a meu ver, não decepcionou totalmente com a eliminação na primeira fase por ser uma equipe em formação. Não dá para comparar uma olimpíada com uma copa do mundo. E ainda acrescento que eles foram superados no aspecto físico, pois os Tigres Asiáticos jogaram com leveza e até demonstraram alguns lances bonitos, mas pecaram na marcação e nas finalizações.

A Argélia, por fim, foi a grande surpresa. Confesso que não dei muita atenção ao meia Sofiane Feghouli, que acabou de vir de grande temporada do Valencia, mas o franco-argelino vem jogando bola no mundial e clareia as jogadas para seus companheiros.

quinta-feira, 26 de junho de 2014

Saldo Insuficiente

Imagem extraída de https://www.facebook.com/DFBTeam

O esperado "jogo dos compadres" acabou não acontecendo, afinal bastaria um empate para classificar os dois times. A despeito disto, Alemanha e Estados Unidos lutaram muito e criaram chances o tempo todo. O placar apertado fez jus ao equilíbrio da partida, com uma leve pendência para o lado da Mannschaft, que conta com muitos atletas diferenciados.

A Alemanha foi visivelmente melhor, mas não escapa de algumas críticas. Faço coro com o grande Tostão e ainda não entendo por que o melhor lateral do mundo, Philipp Lahm, tem de atuar improvisado como volante se a Mannschaft tem opções excelente para a posição, como Kroos, Schweinsteiger e Khedira. Também acho questionável utilizar meias nas pontas (Özil e Götze) quando se tem wingers de ofício (Podolski, Schürrle e Grosskreutz), embora esta escolha tenha funcionado perfeitamente na partida contra Portugal e não tenha comprometido nestes dois últimos jogos.

De qualquer forma, a posse de bola alemã facilitou o trabalho dos atacantes e eles não tiveram nenhuma dificuldade para chegarem ao gol. Os Estados Unidos, tiveram menos posse e se valiam mais dos contra-ataques, mas demonstraram evolução de 2010 pra cá, com o time atuando com a bola no chão e demonstrando objetividade. Um bom trabalho do grande Jürgen Klinsmann.


É verdade que os Estados Unidos melhoraram de 2010 pra cá e
os norte-americanos conseguiram equilibrar a partida em alguns
momentos, mas a superioridade alemã era notória a maior parte
do tempo (imagem obtida via this11.com).


No segundo tempo, o equilíbrio persistiu, mas a Alemanha continuava trocando passes no campo de ataque e tornou-se mais perigosa com a entrada de Klose. O centroavante não deixou sua marca hoje, mas sempre foi perigoso. Uma falta perto da área gerou o rebote que Thomas Müller aproveitou para anotar seu quarto gol neste mundial.

O restante do segundo tempo foi mais do mesmo, com a Alemanha mantendo a posse da bola e os Estados Unidos tentando criar chances em contra-ataque. Eles estava visivelmente ansiosos em campo porque precisavam do resultado para não dependerem da sorte. Tanto, que os norte-americanos cometeram mais faltas e chegaram a literalmente bater cabeça em campo.


Eles bem que tentaram, mas os Estados Unidos não conseguiram
passar pela zaga alemã e pelo goleirão Neuer. A Alemanha
 adotou uma formação mais ortodoxa no segundo tempo e foi mais
perigosa nas finalizações (obtido via this11.com).


Os alemães confirmaram o favoritismo e o primeiro lugar do "mini-grupo da morte" ao derrotarem os Estados Unidos com o placar mínimo. Enquanto isso, em um jogo bastante disputado, ganeses e portugueses lutavam entre si pela segunda vaga enquanto torciam para que o jogo entre Alemanha e Estados Unidos tivesse um vencedor. Os alemães fizeram a "parte deles". Portugal, com um time melhor do que Gana (que ficou desfalcada de Prince e Muntari por problemas no elenco) venceu os Estrelas Negras em Brasília, mas não conseguiram vencer os norte-americanos no saldo de gols. Com a combinação de resultados, Gana e Portugal morrem abraçados e Estados Unidos, mesmo com a derrota, vai para as oitavas com a Alemanha.

Minha torcida neste grupo foi visivelmente para o time que joga o melhor futebol, a Alemanha. Os demais times tanto faziam para mim. Portugal, teoricamente, estava um nível acima de Gana e dos Estados Unidos, mas seus principais atletas pagaram o preço após a pesada temporada de jogos em 2013-14, especialmente Ronaldo e Coentrão. Gana, a meu ver, era melhor que os norte-americanos, mas é possível que os noticiados desentendimentos no elenco tenham tido influencia no desempenho do time.

Assim se confirma o Grupo G, com a Alemanha fazendo jus ao favoritismo e os Estados Unidos surpreendendo.


Imagem extraída de https://www.facebook.com/DFBTeam

Esforço em Vão

Imagem extraída de https://www.facebook.com/equipedefrance

A França precisava apenas de um empate para assegurar a vaga e a liderança no Grupo E. Os Bleus (que deveriam se chamar "Les Blancs" nesta partida) foram à campo com time misto e não foram tão incisivos como na partida contra a Suíça. Deixaram os rivais atacarem, tomavam a bola no campo de defesa e faziam contra-golpes na base do toque de bola. Os atletas mais perigosos da França eram Benzema (que, talvez, estivesse atrás de algum recorde na artilharia) e Antoine Griezmann (que, provavelmente, está tentando reaver sua titularidade). Alguns lampejos de Sagna, Digne e Pogba no ataque, mas nada além disso. Os franceses pareciam satisfeitos com a igualdade.

O Equador, por outro lado, quis jogo. A situação da Tri era complicada, mas não impossível, afinal precisavam vencer e torcer para que a Suíça não os passassem no saldo de gols. Os suíços tinham -2 de saldo por causa da goleada sofrida pelos franceses, mas tinham tudo para reaver a pontuação diante da fraca Honduras.

Na base da correria, os equatorianos foram perigosos do primeiro ao último minuto de jogo. Os franceses ainda contra-atacavam tocando a bola e chegavam com perigo à área, mas esbarravam no goleirão Domínguez, que fez milagre atrás de milagre. Benzema, Giroud, Griezmann, Sakho, ... Ninguém, por mais alto, forte ou habilidoso que fosse, parecia ser capaz de vencer o paredão equatoriano.


França no 4-4-2 encaixando o 4-2-3-1 equatoriano: o Equador era
mais perigoso na maior parte do tempo, mas a marcação francesa
abafava, roubava a bola e articulava contra-golpes com Sagna e
Digne. O toque rápido fazia com que Benzema recebesse a bola
rapidamente, mas ele não conseguia superar Domínguez
(imagem obtida via this11.com).


Nem mesmo a expulsão do capitão e principal jogador do time, Antonio Valencia, fez o Equador tirar o pé, muito pelo contrário: eles foram ainda mais agressivos e estavam mais do que dispostos a lutar pela vaga. As jogadas individuais velozes, principalmente pelo lado direito, esbarrava na ansiedade dos próprios equatorianos, que finalizavam para muito longe do gol de Lloris.

O treinador francês, Didier Deschamps, tentou se valer da vantagem numérica e colocou mais atacantes em campo (Giroud e Rémy), mas o goleiro Domínguez parecia intransponível.

Os laterais tentavam ajudar no ataque para compensar a falta de um homem no meio-de-campo. O winger Ibarra foi o mais perigoso jogando justamente na posição do expulso Antonio Valencia. E o Equador, mesmo exausto pela correria, conseguia chegar com perigo ao gol de Lloris, mas a ansiedade os faziam pecar nas finalizações.


Não, você não está vendo errado: o Equador, com um homem a
menos, foi mais perigoso durante todo o segundo tempo e, mesmo
exausto, sempre chegava com perigo ao gol de Lloris, mas pecava
nas finalizações. No outro lado, Benzema, Giroud e Rémy não
conseguiam vencer o goleiro Domínguez (obtido via this11.com).


Toda a garra e esforço dos equatorianos foi em vão. A equipe tricolor não conseguiu o gol que, possivelmente, a colocaria nas oitavas.

A Suíça não teve dificuldades em derrotar a fraca Honduras com um hat-trick de Xherdan Shaqiri e chegar ao segundo posto para enfrentar a Argentina na próxima fase.

Fico satisfeito com a classificação do Grupo E, embora eu ainda goste da Suíça com ressalvas. O time alpino é bom do meio-de-campo para a frente, mas seus defensores são bastante faltosos, embora tenham melhorado de 2010 pra cá. Honduras era uma equipe limitada e até violenta e o futebol do Equador era mais correria do que técnica.

A França, depois de passar por alguns entreveros de 2012 pra cá, vai se reconstruindo e crescendo no campeonato. Isso ficou evidente após aquele chocolate de 5x2 em cima da Suíça, uma seleção que era "do mesmo nível" que os Bleus. Que o futebol francês volte a ser técnico e agradável.


Imagem extraída de https://www.facebook.com/equipedefrance

quarta-feira, 25 de junho de 2014

A Bósnia É uma Mãe

Imagem extraída de https://www.facebook.com/AFASeleccionArgentina

Não dá para negar que a Nigéria se empenhou, afinal as Super Águias precisavam apenas de um empate para não terem de depender do Irã. Mas a Argentina tem ele, Lionel Messi, um dos melhores jogadores do mundo. Mais maduro e mais decisivo do que em 2006 e 2010, Leo, que completou 27 anos ontem, fez um gol relâmpago logo aos três minutos. A Albiceleste sofreu o empate logo em seguida com uma jogada rápida completada por Musa, aos 4 minutos do primeiro tempo.

O aniversariante, de fato, foi o protagonista da partida, fez as principais jogadas, criou os lances de maior perigo e deixou mais um gol. E sua ausência foi muito sentida quando a Pulga foi substituída por Ricky Álvarez.

A Nigéria, por outro lado, soube tirar proveito das falhas defensivas dos argentinos. A defesa albiceleste, pelo jeito, ainda não se firmou após as saídas de Zanetti, Burdisso, Samuel e Cambiasso. Fui um dos que mais exaltou a renovação defensiva da Argentina e não mudo de opinião: todos os citados já tinham 30 anos ou mais em 2010 e era necessário sangue novo.


A interpretação é livre: 4-4-2, 4-2-3-1 ou 4-3-3. Dependendo de
como você posiciona Messi, Di María e Lavezzi (que entrou no
lugar do lesionado Agüero), você obtêm diferentes visões do
ataque argentino. Lá atrás, contudo, as subidas dos laterais e
a fraca zaga ofereceram "fortes emoções" ao torcedor argentino,
em sua maioria protagonizadas por Musa (obtido via this11.com). 


Se a Nigéria não conseguiu chagar às oitavas por seus próprios meios, os africanos podem agradecer profundamente à eliminada Bósnia-Herzegovina, que derrotou o Irã por 3x1 e eliminou o time do Oriente Médio. Os Zmajevi se despediram de seu primeiro mundial com uma boa vitória, justamente em cima de uma das melhores defesas da Copa 2014. E, de quebra, ajudaram as Super Águias a alcançarem vôos mais altos.

Deste Grupo F, lamentei a eliminação da Bósnia, não por jogarem um bom futebol (embora haja jogadores que sabem tratar bem uma bola), mas pelo respeito e admiração que tenho pela história do país, e também pelo esforço e talento de seus valorosos atletas. O Irã enfrentou a Nigéria e a Argentina só na retranca e protagonizou duas das partidas mais monótonas do mundial. E a Nigéria é mais força do que talento. Basta ver quantos cartões os africanos levaram hoje e quantas vezes os argentinos entraram na caderneta do árbitro.

Torcerei para que a Albiceleste faça um grande mundial. Tudo em nome do futebol-arte, representado na Argentina por Agüero, Lavezzi, Higuaín, Di María, Maxi Rodríguez e, claro, Lionel Messi.


Imagem extraída de https://www.facebook.com/AFASeleccionArgentina

A Colômbia e Mais Três

Imagem extraída do Facebook oficial de James Rodríguez- https://www.facebook.com/10Jamesrodriguez

O Grupo C da Copa do Mundo 2014 foi a Colômbia e mais três. Tirando os Cafeteros, acho que só tivemos alguns lampejos de Gervinho pelos marfinenses e de Keisuke Honda pelo Japão. Nada mais digno de menção.

A divertida e artística Colômbia não teve dificuldade alguma para chegar à liderança e deixar todos os seus rivais para trás. Algumas de suas estrelas, como Jackson Martínez e Freddy Guarín, começaram no banco durante os dois primeiros jogos e, mesmo assim, os Cafeteros sobraram, tanto em criação de oportunidades, quando em lances bonitos, em sua maioria protagonizados pelo craque James Rodríguez.

Ontem em Cuiabá, nós tivemos outro espetáculo protagonizado pelos colombianos. Com a vaga para as oitavas já assegurada, o treinador José Pékerman colocou um time misto em campo contra o Japão. Pela primeira vez, eu estava vendo Martínez e Guarín começando o jogo. Apenas Armero, Mejía, Ospina e Cuadrado iniciaram a partida.

Os japoneses até foram mais perigosos no primeiro tempo, mas os colombianos logo colocariam as coisas no seu devido lugar.


Japão até foi perigoso no primeiro tempo diate de uma
descompromissada Colômbia, mas não teve competência nas
finalizações. Cafeteros não foram muito perigosos na primeira etapa,
provavelmente devido a ausência de James (obtido via this11.com).


O segundo tempo foi um show de bola colombiano. A entrada do craque James Rodríguez foi o grande diferencial e fez os Cafeteros engolirem os japoneses. O entrosamento de Rodrígez com Martínez foi fundamental para que a dupla trucidasse os Samurais Azuis. Os dois jogaram juntos no Porto e já haviam feito muito sucesso em Portugal. A apatia dos japoneses permitiu ao treinador José Pékerman fazer uma linda homenagem ao goleiro quarentão Faryd Mondragón, remanescente da brilhante geração de 94 que foi eliminada daquele mundial de forma trágica.


A eterna dupla portista James-Jackson liquidou o jogo aproveitando
a fragilidade defensiva japonesa. Mais parecia que eram os
colombianos quem precisavam do resultado (obtido via this11.com).


A alegria colombiana foi um alento para esse pavoroso Grupo C. Como dá gosto ver o país voltar à Copa do Mundo em grande estilo após 16 anos de ausência. Trata-se de uma geração que se diverte em campo, tem habilidade e ainda é jovem. Teremos a oportunidade de ver esses atletas em campo durante muito tempo. Pena que os demais times do grupo desapontaram

Os japoneses parecem ter desaprendido a jogar bola de pois de terem feito bonito de 2010 pra cá. Os caras não têm força física nem qualidade na marcação para jogarem sem a bola mas insistiam em segurar o jogo com duas linhas de quatro. Some isso às inúmeras chances criadas pelo meia Keisuke Honda e desperdiçada pelos seus companheiros. O Japão tem atletas baixinhos e eles deveriam ter feito melhor proveito de sua estatura jogando com a bola no chão e trocando passes, mas preferiram jogar nos chuveirinhos e na retranca.

A Costa do Marfim também foi uma decepção. Dependiam apenas de si para conseguirem a inédita classificação e contavam com bons atletas, como Yaya Touré, Kalou, Drogba e o habilidoso Gervinho. Mas tropeçaram de maneira inexplicável diante da fraquinha Grécia e permitiram que os gregos ficassem com a vaga. Não vi o jogo e estou até agora tentando entender a queda dos Elefantes. E o pobre Yaya improvisado na armação não conseguiu fazer a diferença em campo -ele é volante de origem.

A Grécia, por sua vez, não joga bola e depende muito mais da raça do que da técnica.

Ainda bem que este grupo tem a alegre Colômbia e seu maestro James Rodríguez para me alegrarem. Dá gosto assistir às partidas protagonizadas por esta brilhante geração colombiana.


Imagem extraída do Facebook oficial de James Rodríguez- https://www.facebook.com/10Jamesrodriguez

terça-feira, 24 de junho de 2014

Castigo?

Imagem extraída de https://www.facebook.com/pages/Asociación-Uruguaya-de-Fútbol-Página-Oficial

A Itália entrou em campo necessitando de apenas um empate para avançar às oitavas. Tinha pela frente o irregular Uruguai, cujo desempenho recente oscilou bastante.

Quando o jogo começou, a Azzurra fez tudo direitinho: atuou sem rifar a bola, criou chances de gol e ainda levou bastante perigo com seus dois centroavantes, Balotelli e Immobile.


Itália ocupa o campo, mantendo volume de jogo e a posse da bola.
Uruguai totalmente acuado e articulando contra-golpes com seus
meias, Rodríguez e Lodeiro, e atacantes, Cavani e Suárez
(imagem obtida via this11.com).


O Uruguai ficava acuado e, eventualmente, contra-atacava com seu quarteto ofensivo -Cebolla Rodríguez, Lodeiro, Cavani e Suárez- mas levou pouco perigo ao gol de Buffon no primeiro tempo. A Itália abafava com suas famosas "duas linhas de quatro" e logo recuperava a posse de bola. Tudo levava a crer que a Azzurra teria uma classificação tranquila. Mas...


O contra-ataque uruguaio consistiu em usar seus dois meias e
os dois atacantes, além de um pequeno apoio de seus laterais. Itália
abafava com as duas linhas de quatro (obtido via this11.com).


Prandelli errou ao abrir mão do ataque e recuar todo o seu time no segundo tempo para segurar o empate. Começou tirando o amarelado Balotelli para colocar o volante Parolo. Com o recuo do time, o Uruguai avançou e obrigou a Itália a cometer mais faltas. Uma delas, a de Marchisio em cima de Arévalo bem na frente do árbitro, custou muito caro à Azzurra. O meia foi expulso, Prandelli foi obrigado a recuar ainda mais o time e a Celeste foi ainda mais agressiva.

Um dos ataques gerou a falta próxima à área de Buffon. Suárez levantou a bola que encontrou a cabeça de Godín e, consequentemente, selou a classificação uruguaia. A Itália tentou tudo o que podia e até mesmo o goleiro Buffon foi ao ataque, mas a defesa uruguaia segurou tudo, principalmente Godín que ganhou todas pelo alto.


Com Marchisio expulso, a Itália se encolheu lá atrás e ofereceu
espaços para o Uruguai jogar. Uma das bolas paradas alçadas na
meta de Buffon encontrou a cabeça de Godín e o zagueiro selou
a classificação da Celeste (obtido via this11.com).


A Itália volta para casa mais cedo ao se precipitar e recuar o time faltando ainda 45 minutos para o fim do jogo. A vontade uruguaia somada à retranca italiana custou à Itália a vaga para as oitavas-de-final. Uma pena porque a Azzurra estava controlando o jogo e tinha plenas condições de se classificar, mas cometeu um erro fatal.

Houve, ainda, o polêmico lance envolvendo Luis Suárez e Leonardo Bonucci, onde o atacante teria mordido o zagueiro italiano, mas até o fechamento desta resenha, não ficou claro se houve ou não infração por parte do camisa 9.

O Legado que a Croácia Deixa para o Mundial

Imagem extraída de https://www.facebook.com/cff.hns

Tristemente, mais uma de minhas seleções preferidas dá adeus na primeira fase desta Copa do Mundo. Depois da artística Espanha e da esforçada Bósnia-Herzegovina, a ofensiva Croácia foi eliminada pelo retranqueiro México. No futebol muitas vezes acontecem essas injustiças, com a equipe que tem mais iniciativa e mais posse de bola sendo derrotada por rivais que não querem jogo e só encontram oportunidades de gol em contra-ataques ou bola parada.

Eu bati palmas para a Hrvatska e seu treinador Niko Kovač desde a estreia contra o Brasil, quando os Enxaderazos entraram sem nenhum volante de ofício (embora Modrić e Rakitić tenham qualidade na marcação) e buscaram jogo a despeito de estarem enfrentando os donos da casa. Contra o instável Camarões, então, a Croácia deu um show e me proporcionou a partida mais divertida da segunda rodada.

A Croácia deixa como legado a ousadia de se enfrentar um rival no ataque, mesmo que o adversário tenha mais tradição que a equipe. Tal atitude também foi compartilhada pela Holanda, Costa Rica e Chile, que buscaram jogo o tempo todo contra os seus rivais, independente de quantos títulos tivessem. Em comum, Chile, Holanda e Croácia tinham defesas frágeis, compensada por meio-campistas de grande qualidade e bons centroavantes. Os treinadores tentavam compensar as deficiências na zaga com muita pressão ofensiva.

Espero muitíssimo que a federação de futebol do país mantenha o treinador Niko Kovač para o próximo ciclo. Ele tem grandes ideias, é ousado, fez sua equipe jogar um belo futebol e ainda teve participação direta na classificação da Hrvatska para seu quarto mundial. Ele também foi um volante bem-sucedido na Alemanha, é jovem e ainda tem muito o que transmitir aos seus comandados.

Aproveito a oportunidade para lamentar o atual estilo de futebol do México. Os mexicanos sempre foram conhecidos por possuírem equipes organizadas tanto na defesa quanto no ataque, jogarem sem rifar a bola e por formarem atletas talentosos. A atual Verde, contudo, não passa de uma caricatura da tradição mexicana no futebol, com zagueiros demais e meias de menos. A crise na Seleção Mexicana obrigou os treinadores a jogarem com o regulamento embaixo do braço. No elenco atual, só o Giovani, o Guardado e, talvez, o Chicharito sabem jogar bola. E faço menção ao grande Rafa Márquez, que ajudou o meu Barcelona a ser bicampeão na Champions League. Que me desculpem os mexicanos, mas vou torcer para que a ofensiva Holanda derrote a Verde nas oitavas-de-final, afinal minha torcida é sempre para os time que jogam o melhor futebol.

Obrigado, Croácia, por terem vindo ao nosso país. Sua participação neste mundial tristemente termina eclipsada pelos erros de arbitragem na estreia e pela retranca mexicana no terceiro jogo. Que os ideais de Niko Kovač e a qualidade técnica do elenco sejam exaltados para que as futuras gerações continuem apostando num estilo ofensivo e ousado que sempre caracterizou o futebol da Croácia.

Espero vê-los novamente na Euro 2016 e também na Copa 2018. Muitos atletas desta geração ainda são jovens e podem evoluir ainda mais até lá.


Imagem extraída de https://www.facebook.com/cff.hns

segunda-feira, 23 de junho de 2014

Não É o que Parece

Imagem extraída de https://www.facebook.com/FernandinhoRozaOficial


A Seleção Brasileira goleou a eliminada Seleção Camaronesa por 4x1 e assegurou o primeiro lugar no Grupo A. Quem vê o placar, acredita que o Brasil teve uma atuação totalmente inquestionável e que o hexa está próximo. Mas não é bem assim.

O Brasil não apresentou comunicação entre a defesa e o ataque porque o meio-de-campo estava mais preocupado em marcar do que criar. Resultado: a Seleção só criava chances de gol com chuveirinhos vindos da zaga ou com as subidas dos laterais Marcelo e Dani Alves.

Já expliquei uma centena de vezes que um chute longo requer muita força para se efetuado e o receptor da bola tem muito mais dificuldade para dominá-la. Basta ver quantos chutões a zaga deu em direção à área de Itandje e quantas dessas bolas lançadas os nossos atacantes conseguiram dominar.

Para completar, o Brasil deixou os camaroneses gostarem do jogo. Os africanos até ensaiaram alguns lances bonitos, como dribles e tabelinhas. E terminaram por achar um gol com Joël Matip.


No primeiro tempo, o Brasil criou pouco e tentou acionar
Neymar com bolas longas ou com os avanços dos laterais.
E o camisa 10 do Brasil teve muitos problemas com o grandão Nyom.
Os camaroneses aproveitaram o espaço oferecido no meio-de-campo
e nas alas para dar sustos no Brasil (obtido via this11.com).

É verdade que a genialidade de Neymar evitou que o primeiro tempo terminasse mal para o Brasil, mas se houve um jogador que mudou a partida foi o volante Fernandinho. Com qualidade no passe e presença de área, o volante do Manchester City deu vida ao meio-de-campo brasileiro, criou chances de gol, participou da jogada do gol de Fred e deixou o seu.


Com a entrada de Fernandinho, o meio-de-campo do Brasil
ganhou vida e os brasileiros passaram a jogar mais no ataque
(imagem obtida via this11.com).


A boa vitória do Brasil, contudo, não pode ocultar os problemas do time. A equipe erra muitos passes, a Seleção não cria quando Oscar está mal ou muito marcado e dependemos muito da genialidade de Neymar. E três jogadores -Fred, Paulinho e Hulk- ainda estão devendo futebol. O trio teve atuações apagadas contra a Croácia, contra o México e agora contra Camarões -Fred ainda apresentou ligeira melhora com a entrada de Fernandinho.

Tivemos muitas dificuldades para superar duas seleções em crise -a Croácia, apesar de ser considerada mediana, vivia um momento melhor e jogava bola. Muitas coisas terão de ser repensadas para os próximos jogos, afinal Chile, Holanda, Itália, Colômbia, Argentina e Alemanha estão nos esperando no mata-mata, todas elas seleções fortíssimas e que jogam no ataque. Cabe ainda nos preocuparmos com França e Uruguai, dois times que correm por fora, mas que trazem lembranças dolorosas ao Brasil em copas do mundo.

O Último e Mais Belo Ato da Furia

Imagem extraída de https://www.facebook.com/SeFutbol

Se a Espanha não correspondeu às expectativas criadas como atual detentora do título mundial, a Furia despede-se do Brasil de cabeça erguida e fiel ao futebol que o consagrou com uma bela goleada por 3x0 sobre a Austrália.

A geração que começou no mundial de 2006, deu o grande salto na Euro 2008 com seu primeiro título após 44 anos de jejum e chegou ao apogeu com a conquista de seu primeiro mundial em 2010 e do tricampeonato na Euro 2012. Em todas as ocasiões, os baixinhos espanhóis compensaram a desvantagem física com um futebol leve, agradável, coletivo e mortal.

O segredo? Combinou-se o criativo meio-de-campo do Barcelona (Xavi, Iniesta, Busquets, Pedro e Fàbregas) com a solidez defensiva do Real Madrid (Alonso, Sergio Ramos, Arbeloa e Casillas). Alguns talentos oriundos do Valencia (Juan Mata, David Silva e Jordi Alba), Sevilla (Jesús Navas), Athletic Bilbao (Javi Martínez e Llorente) e Atlético de Madrid (Fernando Torres e Juanfran) complementaram o conjunto. Passaram mais atletas de outros clubes, mas teria de escrever umas três resenhas apenas para enumerar os atletas que colocaram a Furia entre os grandes.

Toda fórmula e toda grande geração, contudo, tende a sofrer uma queda após o apogeu. A Espanha fez a sua fama e, em virtude disso, tornou-se muito visada por seus rivais, que passaram a buscar cada vez mais por maneiras de triar a Furia do topo. Vieram estratégias como o "ônibus" (adotado pelo Chelsea) e a marcação adiantada (adotado pelo Bayern). Os jogadores também estavam envelhecendo e vinham sendo cada vez mais exigidos e também cada vez mais visados pelos marcadores adversários. Muitos vieram lesionados após intensas temporadas na Europa.

Eu, ao contrário do que muitos comentaristas afirmaram, não vejo a fórmula do Tiki-Taka como esgotada. Talvez, seja necessário apenas que os atletas mais trintões tenham de gradualmente dar espaço a sangue novo. Foi o que aconteceu com a geração de Zidane na França e com a de Cannavaro na Itália, ambas compostas por grandes atletas, mas que sentiram que a hora de sair havia chegado. Vai acontecer com muitos atletas da atual Espanha, sobretudo após o desempenho ruim neste mundial.

Tiki-Taka vai se reinventar e se modernizar. O próprio Barcelona, clube que criou e popularizou o estilo, já deu início a um novo ciclo com as saídas de Valdés, Puyol e, possivelmente, Xavi e Dani Alves (estas últimas são apenas especulações), e com as vindas de Ter Stegen e Rakitić. Com novos atletas, o estilo sofrerá mudanças e isso terá influência também na Seleção Espanhola. A troca do treinador Gerardo Martino por Luis Enrique também fará a equipe catalã jogar em outro estilo.

Obrigado, Espanha. Muito obrigado pela imensa contribuição que vocês tiveram no futebol. Vocês nos provaram que futebol bonito e eficiência podem caminhar juntos. Os títulos de 2008, 2010 e 2012 estão aí para provar isto.


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