quinta-feira, 17 de abril de 2014

Tiro ao Alvo

Imagem extraída do site oficial do Barcelona- http://www.fcbarcelona.cat/

De qual distância é mais fácil de atingir um alvo? Estando o mais próximo possível a ele, ou o mais distante? A resposta seria muito óbvia, mas os nossos queridos "professores", que tanto priorizam a defesa e a marcação, não demonstram isso em campo.

Explicando: a grande maioria dos times do Brasil posta seus defensores muito próximos ao gol. Isto, de fato, dificulta a entrada da bola, mas mesmo os melhores zagueiros do planeta pouco podem fazer quando o atacante está muito próximo à meta. É o que chamam de point blank, uma distância da qual é impossível errar o alvo.

Uma maneira de se evitar os gols é distanciar o atacante da meta. Isso obriga o adversário a chutar de longe do gol, facilitando o trabalho do goleiro e também diminuindo as chances de acerto do rival.

As duas linhas de quatro adotadas por treinadores italianos (o catenaccio, que depois evoluiu para "ônibus") têm a finalidade de encaixar esquemas mais ofensivos (em especial o 4-3-3) e também o de distanciar o condutor da bola do gol, obrigando-o a arriscar chutes de fora da área. Como foi explicado na introdução desta resenha, as chances de acertar um alvo diminuem proporcionalmente com o aumento da distância do jogador em relação ao gol.

O Real Madrid de Carlo Ancelotti teve êxito em parar o arquirrival Barcelona no jogo de ontem, válido pela Copa del Rey. O ônibus provou-se mais uma vez eficaz em deter o 4-3-3 catalão.


As duas linhas de quatro do Real Madrid encaixam o 4-3-3 do
Barcelona, tiram o espaço para a troca de passes no campo de
ataque e ainda impedem a aproximação dos rivais à meta
(imagem obtida via this11.com)


O grande Tostão sempre defende em sua coluna publicada às quartas e aos domingos no jornal Folha de São Paulo que o zagueiro brasileiro precisa aprender a jogar mais longe da própria meta.

As duas linhas de quatro mostram-se eficazes defensivamente, mas necessitam de atletas velozes para elaborar um contra-ataque, ou então torcer para que o atacante domine o chutão depois que o time recuperar a bola.

A ideia sugerida por Tostão já é adotada pela Espanha de Vicente del Bosque e leva vantagem em relação ao "ônibus" ao recrutar menos atletas para ser executada. Os zagueiros e laterais formam uma linha próxima ao meio-de-campo, impedem a aproximação do atacante rival da meta e ainda deixa mais jogadores livres à frente para executar um contra-ataque mais elaborado, sem a necessidade de correria ou chutões.


A linha defensiva adotada por Del Bosque contra a França em 2013:
os quatro defensores ficam próximos à linha da intermediária e
dificultam a aproximação dos atacantes do gol de Casillas,
obrigando os rivais a arriscarem de longe
(imagem obtida via this11.com).


As ideias aqui apresentadas são eficazes, mas requerem muita disciplina tática. Os jogadores precisam trabalhar em grupo para que as linhas sejam compostas de forma organizada, ou a tática terá sua eficácia comprometida.

A ideia de afastar os rivais da meta é eficaz, mas não é infalível, como acontece em todas as estratégias de jogo. Uma boa jogada individual (seja na base do drible ou da trombada) ou um especialista em petardos de fora da área podem muito bem furar as linhas e colocar os planos do treinador por água abaixo. Ainda assim, manter os rivais afastados do gol é uma grande ajuda para o goleiro e também uma dificuldade a mais para o adversário chegar à meta.

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